Requião divide espaço com Garotinho

O governador Roberto Requião começou a gravar neste fim de semana, no interior do Estado, o programa nacional do PMDB, que será exibido no dia 10 de novembro. Por decisão da direção nacional, apenas o presidente do partido, deputado Michel Temer, e os oito governadores do partido é que teriam direito a ocupar os vinte minutos do programa. Mas foi aberta uma exceção para o ex-governador do Rio de Janeiro e atual secretário de Segurança, Anthony Garotinho.

A divisão do espaço com Garotinho não agradou aos demais governadores, mas a justificativa da direção nacional é que o ex-governador carioca é o único que assumiu oficialmente uma pré-candidatura à Presidência da República na eleição do próximo ano. Garotinho formalizou no início da semana sua inscrição às prévias do partido marcadas para 5 de março de 2006, quando está programada a escolha de um candidato do partido à Presidência da República.

Para setores do PMDB ligados a Requião, a colher de chá para Garotinho pode fazer com que ele se torne o próximo Ulysses Guimarães peemedebista. Em 89, Ulysses foi lançado candidato à Presidência da República e, em seguida, abandonado por todo o partido. O mesmo ocorreu com o ex-governador Orestes Quércia, que em 93 venceu uma prévia interna e mal começou a campanha foi ignorado pelo partido.

O histórico do comportamento da direção nacional do PMDB em disputas presidenciais é visto pelos aliados de Requião como um risco ao projeto de candidatura própria à sucessão de Lula. Com fortes resistências em variados grupos no partido, o ex-governador do Rio poderia ser a candidatura dos sonhos do espectro peemedebista que gosta de ficar à vontade em campanhas presidenciais. Se o partido estiver dividido, como em todas as eleições anteriores, ficam mais fáceis as composições regionais, em que cada governador ou deputado apóia quem quiser, seguindo interesses específicos, avaliam os peemedebistas paranaenses.

Discussão

Além de Garotinho, os outros governadores peemedebistas apenas alimentam as especulações sobre uma candidatura à sucessão de Lula. É o caso de Requião, dos governadores do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos. Mas nenhum deles fez a inscrição para disputar a indicação. Enquanto os governadores não ousam apresentar-se para as prévias, Garotinho vai ocupando os espaços vagos. Amanhã, ele será o anfitrião no Rio de Janeiro do quinto encontro do PMDB da série convocada pela direção nacional para discutir o programa de governo do partido, elaborado pelo economista Carlos Lessa.

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