Requião briga para registrar candidatura

O ex-governador Roberto Requião (PMDB) não conseguiu ainda registrar sua pré-candidatura à presidência da República para ser votada na convenção nacional do PMDB marcada para amanhã, em Brasília.

Após uma reunião entre Requião e membros da direção nacional, o senador gaúcho Pedro Simon anunciou no final da tarde que irá recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral contra o edital de convocação da convenção, que bloqueia a discussão da proposta de candidatura própria do partido à presidência da República.

Requião, Simon e o presidente de honra do PMDB, Paes de Andrade, estiveram ontem à tarde na sede da direção do partido em Brasília para negociar com presidente nacional do partido, deputado Michel Temer.

Embora tenha combinado recebê-los, Temer não apareceu. Um dos objetivos do grupo é suspender a convenção se não a proposta de candidatura própria não for submetida ao diretório.

A convenção do PMDB foi convocada exclusivamente para homologar a aliança do partido com o PT e a indicação de Temer para candidato a vice-presidente na chapa da ex-ministra Dilma Rousseff à presidência da República. Simon, que solicitou o registro da pré-candidatura no dia 2 de junho, afirmou que o edital é uma “impropriedade”, que viola a tradição democrática do PMDB.

O argumento do grupo pró-candidatura própria é que a indicação do pré-candidato tem o aval de vinte e quatro diretórios estaduais do PMDB. Os representantes desses diretórios se reuniram em Curitiba no início do ano e assinaram um documento apontando Requião como pré-candidato.

Convite

Ontem, em Brasília, durante uma entrevista coletiva em que estava acompanhado de Simon, o ex-governador do Paraná disse que sua pré-candidatura não é de oposição ao PT. Mas que toda proposta deveria ser analisada pelo diretório nacional.

Ele afirmou que se Temer faz tanta questão de ser candidato a vice-presidente poderia ocupar a mesma posição na sua chapa. Requião é pré-candidato ao Senado no Paraná.

Para aceitar a inscrição de sua pré-candidatura à presidência da República, a executiva nacional exigiu que o ex-governador escolhesse entre as duas disputas. Requião se recusou e tem invocado o estatuto do partido, onde não está prevista esta exigência.

O ex-governador também reclamava a formulação de um programa de governo do PMDB. Ontem, ele recebeu cópia de um documento contendo as propostas do partido.

A primeira delas era a defesa da independência do Banco Central, veementemente contestada por ele. “Este programa está atrasado e à direita do programa do PT”, disparou.

Pessuti diz que quer Requião como cabo eleitoral

O governador Orlando Pessuti (PMDB) disse ontem em Londrina, que espera ter o ex-governador Roberto Requião (PMDB) como seu cabo eleitoral na campanha à reeleição, assim como fez durante as campanhas anteriores do ex-governador.

Requião não apoia a pré-candidatura de Pessuti e tem defendido a aliança do PMDB com o PDT em torno da candidatura do senador Osmar Dias ao governo, numa composição com o PT.

O ex-governador admite até mesmo coligação de apoio ao tucano Beto Richa ao governo, desde que não seja obrigado a pedir votos para o ex-prefeito de Curitiba.

Requião cogita mobilizar o partido para derrotar a candidatura de Pessuti ao governo. Na reunião da executiva estadual na segunda-feira passada, Requião disse aos deputados estaduais que não irá apoiar o projeto de Pessuti e fez várias críticas à forma de gestão do seu ex-vice no governo.

Durante um encontro com 110 delegados à convenção estadual e presidentes do PMDB da região Norte, Pessuti afirmou que suas divergências com Requi&atilde,;o, que começaram quando o atual governador demitiu alguns dos auxiliares mais próximos do ex-governador, não serão tratadas como problema pessoal.

Pessuti disse esperar que o conflito com seu antecessor no cargo termine da mesma forma como acabaram as rusgas entre Requião e alguns de seus desafetos, entre eles, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e o senador Osmar Dias.

Sobre o apoio à candidatura de Requião ao Senado, o governador Pessuti mais uma vez declarou ser homem de partido. “Sou do PMDB e o partido terá seus candidatos, que receberão meu apoio e manifestação. Não sou adversário do Requião e não pretendo transformar a divergência dele numa briga pessoal nossa. Pretendo continuar governando o Paraná e continuar com minha jornada política tendo Requião como meu cabo eleitoral, como sempre fui dele”, enfatizou.