Sucessão

Reforma eleitoral deve complicar Pessuti

A proposta de reforma eleitoral que tramita no Senado pode ser um obstáculo a mais para a candidatura do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) ao governo do Estado no ano que vem.

O artigo que altera de três meses para seis meses o período antes das eleições que o detentor de mandato fica vedado de participar de solenidades e inaugurar obras não foi bem visto pela base peemedebista que articula a candidatura de Pessuti e contava com esse período para fazer o peemedebista deslanchar.

Oscilando entre 5% e 8% nas pesquisas de intenção de voto realizadas este ano, ainda longe de alcançar os índices dos favoritos Beto Richa (PSDB), Osmar Dias (PDT) e Alvaro Dias (PSDB), o vice-governador e o PMDB contam com o período em que Pessuti ocupará o governo do Estado (a partir de abril do ano que vem, quando o governador Roberto Requião-PMDB tem de renunciar para se desincompatibilizar e poder ser candidato ao Senado) para turbinar a candidatura, aproveitando a visibilidade do cargo.

A inauguração de obras e a participação em eventos em todo o Estado é um dos trunfos do partido para tornar o nome do vice-governador mais conhecido perante o eleitorado, mas, se aprovada a reforma, o início da proibição e a posse de Pessuti como governador ocorreriam na mesma data. Assim, o pré-candidato do PMDB ao governo não poderia participar de nenhum evento e inauguração.

“Acho que não vai atrapalhar em nada, pois os outros nem terão nada para inaugurar, mas você tem que perguntar isso para ele”, disse o governador Roberto Requião (PMDB).

Pessuti reconheceu que a inauguração de obras é uma boa forma de adquirir visibilidade, mas diminuiu o impacto que essa proibição pode causar na sua candidatura.

“Inaugurar obras é apenas uma parte, e a menos importante. Importante mesmo é idealizar, viabilizar e executar as obras. E isso o povo está vendo e continuará vendo esse governo fazer. Temos mais de mil obras já funcionando que não fomos inaugurar por falta de tempo, mas a população beneficiada sabe quem são os responsáveis por elas. O problema seria se não tivéssemos obras prontas”, comentou.

Líder do governo na Assembleia e um dos coordenadores do movimento em favor da candidatura de Pessuti, o deputado Luiz Claúdio Romanelli (PMDB) disse que o partido ainda não analisou se a Reforma terá impacto na campanha. “Estamos esperando a aprovação para fazer essa análise. Muitos no partido até desconhecem o texto da reforma, mas temos que reconhecer que, por óbvio, atrapalha sim no caso do Pessuti não termos esses três meses para alavancar seu estilo”, disse.

“Mas temos que ver, também, que já há uma jurisprudência no Tribunal Superior Eleitoral que entende a assinatura de convênios e a entrega de obras no ano de eleição como abuso do poder, então já tínhamos que ter cautela mesmo sem uma legislação expressa”, lembrou.

Romanelli também explicou o que os motivos e os assuntos tratados na conversa que teve com o senador Osmar Dias e o PDT, que causou polêmica na semana passada.

“Fomos conversar com o PDT, assim como já conversamos com o PSDB. Fui com orientação do governador e para traçar melhor o cenário político. Vimos um Osmar decidido a ser candidato, muito próximo de um acordo com o PT e com um desejo muito grande de ter o PMDB com ele, mas reafirmamos a candidatura do Pessuti”, explicou.