Receita Federal contra a reforma previdenciária

Auditores fiscais e técnicos da Receita Federal do Paraná realizaram ontem, em frente ao edifício sede do Ministério da Fazenda, em Curitiba, uma manifestação contra o projeto de reforma previdenciária elaborada pelo governo. Os auditores deflagraram uma paralisação por tempo indeterminado e os técnicos devem cruzar os braços até a próxima sexta-feira, com indicativo de greve por tempo indeterminado.

Durante o ato, os manifestantes vestiram roupas pretas, em sinal de luto, e carregaram um caixão com a caricatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O caixão representa o falecimento da esperança que os servidores públicos depositavam no governo Lula”, afirma o diretor de assuntos jurídicos e estudos técnicos do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Luiz Cláudio Ribeiro. “O presidente foi eleito com a missão de promover uma grande mudança em prol do social, mas até agora só vem atendendo a interesses mercadológicos. Perdemos a esperança e voltamos a ter medo do futuro.”

Luiz Cláudio acusa o governo de apresentar dados contraditórios e pôr o servidor público como bode expiatório dentro da crise financeira que o país enfrenta. “O governo está apresentando interpretações distorcidas para os números que existem em relação à Previdência”, queixa-se. “Com a sua proposta, está atingindo apenas o servidor.”

O delegado sindical dos técnicos da Receita em Curitiba, João Caputo, questiona o fato de a população não ter sido consultada quanto ao modelo de reforma previdenciária proposto. “Os cidadãos não foram ouvidos e estão bastante indignados com isso”, afirma. “Acreditam que o modelo de reforma apresentado atende apenas aos interesses dos grandes bancos e seguradoras e não aos seus interesses.”

Manifestações parecidas com a ocorrida em Curitiba também foram realizadas, no decorrer do dia de ontem, em diversas regiões do país. (Cintia Végas) (Ver mais sobre o assunto na página 2)

Idade mínima é ponto crítico

Os servidores públicos ligados à Universidade Federal do Paraná (UFPR), Instituo Nacional de Seguro Social (INSS) e à Receita Federal voltaram a protestar contra a reforma da Previdência na tarde de ontem, em Curitiba. Cerca de 500 pessoas fizeram uma manifestação em prol dos direitos dos servidores em frente à sede histórica da UFPR, na Praça Santos Andrade. O ato durou uma hora e meia, entre 14h e 15h30.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do 3.º Grau de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Estado do Paraná (Sinditest), Antônio Neris de Souza, afirmou que o aumento da idade mínima para a aposentadoria dos servidores é um dos pontos que mais contraria a classe. “Uma mulher que trabalha num hospital, por exemplo, não terá condições de atender numa UTI até os 55 anos. Esse aumento é incompatível com a função”, reclamou o sindicalista. Neris destacou que outros pontos, como a integralidade dos benefícios, também não agradam aos servidores. “Essa reforma só tira direitos, não ajusta a previdência”, criticou, afirmando que o governo precisa combater a sonegação para obter resultados satisfatórios.

Os servidores da Federal estão em greve desde o último dia 17. “Vamos voltar no mínimo só depois da primeira votação da reforma”, contou.

No Congresso Nacional a intenção é que a reforma seja votada na primeira quinzena de agosto. (Lawrence Manoel)

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