Rebelo pretende disputar reeleição

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), descartou ontem a possibilidade de participar de uma prévia na base aliada com o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a escolha de um candidato único da base para a eleição da presidência da Casa. Aldo Rebelo alegou que a escolha do candidato deveria incluir também a oposição.

O candidato a presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) propôs uma prévia entre as legendas da base. Rebelo vinculou a eleição do presidente à construção de uma pauta ampla que represente os interesses da sociedade e do governo. Segundo Rebelo, a eleição, marcada para dia 1.º, é que escolherá o presidente da Casa para os próximos dois anos. ?A composição da agenda da Câmara exige um diálogo permanente e uma confiança, sem excluir divergência, entre os partidos do governo e da oposição. Excluir de qualquer negociação os partidos da base é inaceitável. Eu creio que excluir a oposição contribui para o ambiente político de dificuldades nas atividades da Casa?, afirmou.

Aliados de Aldo Rebelo entendem que Arlindo Chinaglia, ao propor as prévias entre as siglas da base, assume que não tem trânsito e nem votos nas agremiações de oposição. Ao se encontrar na noite de anteontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rebelo descreveu os apoios recebidos na Casa à sua candidatura e as conversas que mantém com lideranças partidárias e com governadores de todos os partidos. O atual presidente da Câmara, que foi ministro de Lula no governo anterior, disse que não vai recuar da candidatura à reeleição.

Rebelo encontrou-se com Lula no Palácio do Planalto. O presidente da Câmara disse ao presidente que não cogita, em nenhuma hipótese, desistir da disputa. Rebelo argumentou com Lula que sua candidatura agrega setores da base e da oposição e que o sucesso da agenda de votações da Câmara a partir deste ano depende de um clima de estabilidade no Congresso. Para Aldo Rebelo, sua candidatura traz este perfil, diferentemente do nome de Arlindo, pela rejeição que existiria em relação ao PT dentro da Casa.

Para ilustrar a sua disposição em lutar pela reeleição e em continuar no cargo, Rebelo está cumprimentando até turistas que visitam as instalações do Congresso e não poupa nem crianças, com quem se mostra simpático. Ontem Aldo Rebelo parou para cumprimentar uma estudante do Ceará. Surpresa com a atitude do deputado, Kelly de Souza Araújo, de 11 anos, que cursa a 5.ª série na cidade cearense de Cariús, simpatizou com o comunista.

Em sua terceira visita a Brasília, Kelly disse que não esperava encontrar o presidente da Câmara durante o recesso parlamentar. ?É muito simpático o presidente. Não esperava encontrá-lo aqui?, disse a estudante. Esta semana, Aldo Rebelo participou de uma entrevista no programa Plenarinho, da TV Câmara, no qual foi entrevistado por um grupo de crianças.

Um exemplo de que a disputa pela presidência da Câmara está entrando numa rota totalmente imprevisível pode ser encontrada dentro do próprio PT. O deputado eleito Carlos Wilson (PT-PE) deu declarações sobre o perfil do presidente da Casa que se encaixam em Aldo Rebelo e não em Arlindo Chinaglia, irritando petistas que defendem a candidatura própria. ?Carlos Wilson não deveria falar o que não sabe. Ele não entende de PT. Só entrou para o partido depois que chegamos ao governo federal?, reagiu irritado o deputado eleito Cândido Caccarezza, do comando da campanha de Chinaglia.

Também no comando da campanha de Chinaglia, o deputado Odair Cunha (PT-MG) lamentou as declarações de Wilson. ?Ele já chega sem sintonia na bancada. A bancada, por aclamação, escolheu Arlindo. A posição dele destoa totalmente do consenso. É lamentável?, afirmou Cunha.

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