PT não se entende quando o assunto é o governador

O governador Roberto Requião (PMDB) está dividindo o PT do Paraná. Ontem, na Assembléia Legislativa, enquanto o presidente estadual do partido, deputado estadual André Vargas, respondia duramente às críticas que recebeu do governador peemedebista, outros petistas defendiam Requião que, durante a reunião semanal de governo no Museu Oscar Niemeyer, bombardeou o dirigente do PT por causa de suas declarações à revista Exame, em reportagem que faz um perfil do governador e o classifica como "o Chávez brasileiro".

Ouvido pela revista, Vargas o comparou ao presidente da Venezuela, afirmando que ao contrário de Hugo Chávez, que "briga de dia com o Bush, mas à noite vende petróleo aos americanos", o governador paranaense "briga com todo mundo e não tem petróleo" e que o Paraná vai pagar o preço. Na escolinha, o governador deu o troco. ?O André Vargas quer o Itaú dirigindo as contas do Paraná, quer o pedágio aumentando o preço nas estradas. Eu acho que o André deveria se preocupar com o Delúbio e não conosco aqui. Deveria se preocupar com suas próprias mazelas. É um horror quando o presidente do PT não é o PT do Paraná, todos nós sabemos disso, toma posições dessa natureza e se reúne a um grupo de picaretas para fazer críticas de tudo o que existe de bom no governo do Paraná. Que critiquem os erros, que não devem ser poucos. Governo algum não será passível de cometer erros. Mas a crítica vem em cima exatamente das coisas mais certas e que se dirigem ao atendimento do interesse público com mais clareza.?

Vargas reagiu, mas alguns de seus colegas de bancada não concordaram com suas posições. Ex-lider do governo Requião, o deputado Natálio Stica afirmou que, em alguns momentos, é obrigado a se conter para não entrar em choque com o presidente do seu partido. "Tenho que me segurar para não rebater o que o André fala. O André vem numa briga particular com o Requião há muito tempo", afirmou.

Para Stica, o presidente do partido no Paraná destoa do pensamento do partido no Estado. "Há uma diferença entre o PT do Paraná, principalmente na pessoa do André Vargas, e do pensamento do PT de uma maneira geral. Se fizer uma pesquisa no nosso partido, a maioria dos petistas gosta da maneira de o Requião governar", afirmou.

Apoio

O deputado Ângelo Vanhoni, que também já foi líder de Requião, é outro petista que mantém a proximidade com o governador, apesar das insistentes críticas que Requião faz à política econômica do governo Lula. Vanhoni é um dos petistas do Paraná que concorda com as declarações do deputado federal José Dirceu (PT) apontando Requião como um dos aliados que poderiam concorrer à Presidência da República com o apoio do PT se o presidente Lula não for candidato à reeleição. Segundo Vanhoni, na esfera nacional, Requião, apesar dos ataques do governador ao modelo econômico, usufrui de uma "apreciação favorável" ao peemedebista. "O José Dirceu expressou o sentimento de uma grande parcela do PT nacional e da qual compartilho", afirmou Vanhoni.

Para Stica, os ataques de Requião à política econômica não influenciam em sua popularidade no PT nacional por um motivo simples: "Dentro do PT, tem muita gente torcendo para o Palocci cair também".

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