PT não acredita no namoro de Requião com tucanos

Os petistas do Paraná estão observando com atenção o movimento de aproximação entre o PSDB e o governador Roberto Requião (PMDB) para a sucessão estadual. Embora o PT já tenha decidido lançar candidato próprio ao governo, indicando o senador Flávio Arns ao cargo, ainda há esperança de que PMDB e PT possam estar juntos em um eventual segundo turno, na disputa para o governo e na eleição presidencial. Mas um acordo entre peemedebistas e tucanos leva por água abaixo essa possibilidade.

Ex-líder do governo Requião na Assembléia Legislativa, o deputado Ângelo Vanhoni avalia que há muitos obstáculos numa aliança entre peemedebistas e tucanos. Para Vanhoni, o principal deles é a necessidade de o candidato a presidente do PSDB – seja Geraldo Alckmin ou José Serra – ter palanques regionais fortes nos estados, levando o PSDB a lançar um candidato próprio. Vanhoni não vê possibilidades de um palanque comum entre Serra e Requião.

"A história política do Requião é totalmente oposta à do PSDB. Os tucanos defendem o estado mínimo, a retirada do estado de vários setores da vida nacional e acreditam que apenas o mercado pode levar o país a se desenvolver. Os quarenta anos de vida política do Requião sempre foram frontalmente contrários a tudo isso", comentou.

Vanhoni acha que Requião e Lula podem estar juntos novamente, como ocorreu em 2002, mesmo que o PMDB tenha uma candidatura própria à presidência da República. "Se esse apoio não se construir no primeiro turno, há possibilidade de ser construído no segundo turno. E mesmo agora, o presidente Lula tem conversado com os governadores para construir o apoio ao PT no primeiro turno, até porque as decisões no PMDB não estão consolidadas", afirmou o deputado petista.

Palanque duplo

Outro petista que também ocupou a liderança do governo Requião na Assembléia Legislativa, deputado estadual Natálio Stica, disse que a composição do palanque do governador do Paraná depende da família Dias. "Essa aliança com os tucanos está nas mãos dos senadores Osmar e Alvaro. Vai depender de quem sair candidato ao governo. Se o Alvaro for o candidato, dificilmente vai dar acordo entre PMDB e PSDB. Se o Alvaro não sair, aumentam as chances de uma coligação", analisou Stica.

O deputado petista disse que, para o PT do Paraná, uma composição entre tucanos e peemedebistas vai trazer prejuízos à candidatura de Lula. "Se isso acontecer, com certeza, afasta o PMDB do nosso palanque", declarou Stica, que ainda acredita ser possível um acordo entre Lula e Requião ainda no primeiro turno.

A certeza de Stica se sustenta em declarações antigas do presidente que, embora não tenha confirmado sua candidatura à reeleição, tem a disposição de freqüentar mais de um palanque nos estados durante a campanha eleitoral. "O presidente já disse que sobe em mais de um palanque; daqueles que foram ou são próximos ao PT", citou.

Contramão

Embora partindo de uma lógica diferente daquela de Stica e Vanhoni, o presidente estadual do PT, André Vargas, também acredita que a candidatura presidencial do PT pode ter o apoio do governador do Paraná. "O PSDB não pode abrir mão de ter uma candidatura no Paraná e só falta agora o Requião querer apoiar o Lula, já que o presidente cresceu nas pesquisas", atacou o dirigente petista, que já ouviu do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, quer se for preciso, Lula terá dois palanques no Paraná: o do PT e o de Requião.

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