PT e PMDB iniciam corrida pela sucessão

O PMDB e o PT assinaram ontem o primeiro compromisso eleitoral desta temporada para lançar a candidatura a prefeito de Curitiba do deputado estadual Angelo Vanhoni (PT) e uma chapa única à Câmara Municipal.

“Esta eleição é o segundo turno da eleição de 2000”, definiu o secretário estadual da Educação e integrante da direção municipal do PMDB, Maurício Requião, que abriu o encontro, realizado em um dos salões do Restaurante Madalosso, onde os organizadores estimam que compareceram cerca de três mil pessoas.

Primeiro a subscrever o manifesto “PT e PMDB juntos para mudar Curitiba”, Maurício lembrou que Vanhoni foi derrotado no segundo turno da eleição de 2000 pelo que chamou de “Caixa 2” do prefeito Cassio Taniguchi (PFL), referindo-se à denúncia de existência de uma contabilidade paralela na campanha do atual prefeito e do seu vice, o também pré-candidato à sucessão, o tucano Beto Richa.

O acordo de ontem foi fechado entre PT e PMDB, mas estavam presentes ao encontro os presidentes estaduais do PTB, deputado federal Iris Simões, do PL, deputado estadual Mauro Moraes e a direção do PCdoB. Os peemedebistas e petistas estão negociando a participação dessas siglas na coligação.

Literatura

Antes de atacar os adversários externos, Maurício Requião fez um discurso ironizando os deputados Rafael Greca e Gustavo Fruet, líderes do movimento que defende o lançamento de candidato próprio no PMDB e que ontem pela manhã se reuniram com candidatos a vereador no Hotel Elo, em Curitiba. Maurício comparou Greca a Sancho Pança e Gustavo a dom Quixote, personagens do romance do espanhol Miguel de Cervantes. “Um é alegre e expansivo e o outro taciturno, sorumbático. Um é roliço e o outro é magro, mas tanto um quanto outro são tristemente solitários. São tipos psicológicos, normais. Não são patológicos. Basta a maturidade, a vida ou o divã de um analista para se curar”, atacou.

Já Vanhoni não fez menção à guerrilha interna do PMDB. Na condição de candidato, preferiu elogiar a administração do ex-prefeito Maurício Fruet, pai de Gustavo e que segundo o deputado petista será uma das inspirações para uma futura administração petista-peemedebista em Curitiba.

Vanhoni afirmou que tanto a gestão de Fruet na prefeitura como a do governador Roberto Requião devem nortear a futura coligação. “Ambos deixaram um exemplo e uma marca. E é da mesma fonte que eu bebo, a fonte da transparência e da democracia”, discursou.

Requião prefere se ausentar do encontro

Enquanto o Partido dos Trabalhadores comparecia em peso no encontro de ontem – estavam presentes deputados estaduais, federais, vereadores, o senador Flávio Arns e outras lideranças do partido em Curitiba – os peemedebistas estavam desfalcados. Além da ausência do grupo contrário à aliança com o PT, o governador Roberto Requião também faltou à reunião conjunta entre os dois partidos.

Além do secretário da Educação, Maurício Requião, o primeiro escalão do governo foi representado no encontro por Airton Pisseti (Comunicação), Assuntos Estratégicos (Nizan Pereira), Aldair Rizzi (Ciência e Tecnologia), Claudio Xavier (Saúde) e Luiz Claudio Romanelli (Cohapar). Três deputados estaduais do PMDB também participaram: Nereu Moura, Vanderlei Iensen e Mário Bradock.

Maurício disse que o governador não foi chamado porque na condição de principal liderança do PMDB somente irá se pronunciar sobre a candidatura do partido em Curitiba quando houver uma definição interna. “É absolutamente natural que ele não esteja aqui. Ele prefere aguardar a decisão do partido”, justificou.

Maurício afirmou que Requião não irá interferir nesta fase da discussão interna e que este tem sido seu comportamento tradicional dentro do partido. “Não será o Requião que irá frustrar o projeto político de um companheiro. Ao mesmo tempo em que também não vai inventar uma posição artificial. O governador sempre disse a qualquer pessoa que queira ser candidato: viabilize-se. Foi isso que ele sempre recomendou e em todas as eleições agiu assim. Desta vez, não será diferente”, comentou.

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