Pronunciamento de Lula na TV expõe racha na equipe do governo

A preparação do pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, exibido na noite de quinta-feira em rede nacional de rádio e TV, expôs as divergências no governo. Um dia antes da mensagem de fim de ano ir ao ar, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu a Lula, em reunião no Palácio do Planalto, que responsabilizasse a oposição pelo fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O tom do pronunciamento em relação às poucas linhas sobre o imposto do cheque dividiu a coordenação política. Na seara política, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, ponderou que não seria bom comprar uma briga com a oposição nesse momento. Alegou que o governo precisará do PSDB e do DEM para aprovar projetos importantes no primeiro semestre de 2008. Na lista estão a provável contribuição para financiar a saúde e a reforma tributária. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, concordou com o colega. Árbitro da discussão, Lula adotou o meio-termo.

Desde que o governo sofreu sua maior derrota no Senado, com o fim do imposto do cheque, há divergências entre a Fazenda e o Planejamento sobre as medidas que devem ser adotadas para cobrir o rombo. Auxiliares de Lula e parlamentares do próprio PT responsabilizam Mantega e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), pelo revés. Lembram que, quando a derrota do governo já era anunciada, Lula pediu ajuda ao deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP), que entrou nas negociações na última hora, mas não conseguiu reverter o quadro. A equipe de Mantega, por sua vez, avalia que Bernardo causou mal-estar desnecessário ao afirmar publicamente que as emendas parlamentares de bancada devem ser o principal alvo do ajuste a ser feito para compensar a extinção da CPMF.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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