Primeiro debate registrou poucos confrontos

O primeiro debate entre candidatos à Prefeitura de Curitiba, realizado no último domingo pela TV Bandeirantes, registrou poucos momentos de efetivo confronto entre os participantes. E nestes quem mais se envolveu foi o representante do PV, Melo Viana, que questionou as propostas do candidato do PFL, Osmar Bertoldi, para a área de segurança, levou o tucano Beto Richa a admitir que não conhece os modelos de planejamento e desenvolvimento adotados por Londrina e Maringá, e acusou o candidato do PPS, Rubens Bueno, de não assumir abertamente a ideologia que deu origem ao seu partido, formado a partir de uma cisão do Partido Comunista Brasileiro. Bueno também foi questionado sobre a ação movida por seu partido contra as siglas ditas “nanicas”. O candidato do PPS disse que a intenção foi oxigenar o processo eleitoral, já que muitas dessas siglas não possuem nenhum tipo de ação partidária e só servem para negociar apoio em períodos eleitorais.

Sem a participação de jornalistas, os candidatos fizeram perguntas entre si, à partir de temas sorteados antecipadamente. Regras rígidas, acertadas de comum acordo com os partidos, não raro impediram que candidatos formulassem suas perguntas. O deputado Mauro Moraes (PL), por exemplo, começou a falar sobre o passe escolar para inquirir o candidato do PFL. Não conseguiu concluir seu raciocínio dentro do tempo estabelecido e Bertoldi, em vez de responder, passou a falar sobre assunto totalmente diverso, o Eixo Metropolitano. Quando Moraes retornou para a tréplica, adotou o tema escolhido pelo concorrente sem arrematar a questão do passe escolar, uma de suas mais antigas bandeiras de luta.

Propostas

De modo geral, os candidatos procuraram expor planos de governo. Bertoldi deu ênfase ao setor de segurança, com a promessa de ampliar a Guarda Municipal. Recebeu críticas muito claras de Melo Viana, para quem modelos importados não terão eficácia na realidade brasileira, e veladas de Beto Richa, que considera indispensável buscar uma política de geração de empregos coordenada com a urbanização de áreas invadidas e até mesmo um incremento na iluminação pública para combater a violência.

De qualquer maneira, todos os candidatos propuseram aumentar o efetivo da Guarda Municipal.

Para gerar mais empregos, Vanhoni propôs uma política fiscal para o Polo das Malhas, no Boqueirão, e programas de cultura e lazer no principal bairro turístico de Curitiba, Santa Felicidade. Beto Richa propôs um grande programa de obras para mobilizar a construção civil e incentivos fiscais para atrair indústrias, enquanto Mauro Moraes pretende transformar pichadores em grafiteiros, criar três mil vagas para estagiarios na Prefeitura e firmar convênios com empresas terceirizadas para garantir que preencham 15% de suas vagas contratando pessoas à partir de 45 anos.

O candidato do PMN, Pedro Manoel Neto, além de aumentar a Guarda Municipal, sugere a criação do “Guarda da Família” e o aumento do número de creches à disposição dos curitibanos. Leopoldo Campos (PSDC) defende a criação de uma secretaria específica para turismo, parceria com a iniciativa privada para a promoção de eventos que desenvolvam o turismo na cidade e, na área da educação infantil, a instituição de uma “Brinquedolândia Municipal Pedagógica”.

Melo Viana quer fazer uma mudança na estrutura administrativa da Prefeitura, criando secretarias como da Cidadania, da Paz, do Saber e do Bem-Estar Social.

Requião destaca petista; para Cassio, foi “morno”

Na avaliação do governador Roberto Requião (PMDB), o deputado estadual Angelo Vanhoni (PT) foi o candidato que apresentou o melhor desempenho no debate realizado na noite de domingo pelo Canal 2, TV Bandeirantes. “Vanhoni foi muito bem porque colocou propostas com suporte orçamentário. Não usou do terreno movediço da demagogia, colocou propostas bem concretas e factíveis, mostrou a importância da interação entre o governo municipal, o estadual e o federal, que é uma oportunidade incrivel que a cidade tem hoje de contar com três instâncias do governo brasileiro – da União, estadual e municipal”, disse Requião.

Para o governador, o debate foi “interessante” para Vanhoni. Ele não quis citar quem foi o mais fraco no programa. “Os demais candidatos não se apresentaram mal, mas eles precisariam brigar muito para levar uma vantagem positiva no debate. Vanhoni foi o melhor debatedor. Os outros não foram mal, mas não conseguiram o brilho necessário para despontar como candidatos factíveis no processo eleitoral”, comentou.

“Morno”

O prefeito Cassio Taniguchi (PFL) foi mais rigoroso na avaliação da performance dos oito candidatos. “Foi morno. Todos estavam sondando o ambiente. Não teve muitas emoções”, disse Taniguchi. Para o prefeito, não foi possível verificar se houve um candidato que se destacasse.

Taniguchi disse ainda que os candidatos deveriam se abastecer de mais informações sobre os programas e ações da sua administração. Segundo o prefeito, várias das medidas apresentadas como propostas pelos postulantes já são executadas. (Elizabete Castro)

Para Lopes, influência é pequena

Para o responsável pelo Instituto Experience Consultoria e Pesquisa, Bruno Lopes, é pouco provavel que o primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba influencie significativamente a opção do eleitor: “Depende da audiência do programa, mas neste momento o interesse do expectador é ainda muito baixo. Na verdade, mais importante que o debate em si é sua repercussão. Cada um conta o que quer e a mídia acaba fazendo com que o evento tenha alguma influência no processo”, observa.

Ele também admite que o programa deve ter reflexos na pesquisa de intenção de voto que estava sendo realizada pelo Ibope no último final de semana: “Como a sondagem ocorreu no momento em que esse era o evento mais importante, mexe artificialmente com a opinião das pessoas. Mas os efeitos só serão importantes se alguém foi muito bem ou muito mal. caso contrário, muda quase nada. Mas quando o horário eleitoral tiver início, apaga tudo o que aconteceu antes. o debate decisivo, efetivamente, é o último, que está previsto para o dia 30. Aí sim, as pessoas estarão integradas à realidade da eleição. Agora o debate, assim como a pesquisa, funciona mais como uma fonte de informação para o eleitor. Geralmente não é uma pessoa tão isenta. Pelo menos até que um fato novo e muito forte a faça refletir e até mudar de opinião”.

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