Patrimônio

Políticos ficaram 46,3% mais ricos no ano

Os políticos que concorrem às eleições em 2008 enriqueceram 46,3% em relação a 2006. Considerando apenas os vereadores, a média de enriquecimento foi de 41%. No que se refere a senadores e deputados, a média foi ainda maior: 50%.

A ong Transparência Brasil, que atua em projetos de combate à corrupção, levantou o nome de 447 políticos em campanha para prefeito, vice-prefeito e vereador nas capitais brasileiras, que disputaram as eleições em 2006.

Desde total, 435 tiveram suas declarações pesquisadas nos arquivos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram alvo da pesquisa. O restante ainda não apresentou os dados ao órgão.

Há dois anos, os vereadores tinham juntos um patrimônio de R$ 61.594.612,00 que atualmente encontra-se avaliado em R$ 70.510.656,00. Os senadores, deputados estaduais e deputados federais tinham em 2006 patrimônio avaliado em R$ 201.415.172,00, cujo valor saltou para R$ 244.054.069,00 em 2008.

Só para ter uma idéia, tomando por base o PIB (Produto Interno Bruto) per capita das regiões metropolitanas brasileiras, o patrimônio médio declarado dos vereadores chega a R$ 377 mil, o que significa que eles são 45 vezes mais ricos do que a média da comunidade que representam.

O pesquisador da ong Transparência Brasil, Fabiano Angélico, afirma que o objetivo da pesquisa é a prevenção. “Quanto maior o controle social que tivermos, mais os eleitores poderão analisar em quem estão votando.

Desta forma estamos prevenindo a corrupção e estimulando a transparência”, disse. Para a ong, os dados são preocupantes. “Em alguns casos você vê que o político enriqueceu 100 vezes mais do que o cidadão comum. É um disparate”, afirmou.

Dos 709 vereadores que exercem mandatos nas capitais brasileiras, 663 disputam a reeleição. 277 parlamentares do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas disputam prefeituras. Os dados são recolhidos junto à Justiça Eleitoral no projeto Excelências, da Transparência Brasil, podem ser vistos no site www.excelencias.org.br.

No site também é possível verificar o perfil dos políticos do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas estaduais e das Câmaras Municipais das capitais brasileiras. O projeto Excelências foi lançado em 2006 e conta com financiamento do Fundo para a Democracia das Nações Unidas.

Os paranaenses enriqueceram 38,4%

Mara Andrich

Agência Câmara
Candidato em Londrina, o deputado André Vargas teve variação positiva.

Os políticos paranaenses que concorrem às eleições de 2008 enriqueceram 38,4% este ano, em relação a 2006. Este é o resultado da pesquisa divulgada ontem pela ong de combate à corrupção, Transparência Brasil. No que se refere aos 13 senadores, deputados federais e estaduais, a média da variação de enriquecimento foi de 70% a mais. Já os 9 vereadores de Curitiba que buscam a reeleição não ficaram mais ricos no período: a média da variação foi negativa, -3%.

A ong conseguiu levantar os dados patrimoniais de 22 dos 49 políticos paranaenses que concorrem às eleições 2008. Os 27 restantes não disponibilizaram os dados. Destes 22, o candidato à prefeitura de Curitiba Fábio Camargo (PTB) foi o que apresentou a maior evolução patrimonial de 2006 a 2008: 367,5%, segundo a ong. A segunda no ranking foi a deputada Beti Pavin (PMDB), com 127% de incremento. O deputado Dr. Batista (PMN), apresentou 114,4% de evolução patrimonial, seguido pelo deputado Zé Maria (PPS), com 112,2%. Quantidade significativa de aumento também apresentou o deputad,o André Vargas (PT), com 91,8%. Quem “empobreceu” no período foi o vereador de Curitiba Custódio da Silva (PR), cuja variação patrimonial foi de -100%; a vereadora de Curitiba Julieta Reis (DEM), com -70%; o candidato à prefeitura de Londrina, Antonio Belinatti (PP), com -48,1%; o vereador de Curitiba Sérgio Ribeiro (PV), com -47,8%, o vereador Roberto Hinça (PDT), com -39,6% e o deputado Elton Welter (PT), com -16,9%.

Com a variação, o Paraná ficou em oitavo lugar no ranking dos estados que apresentaram os senadores e deputados federais e estaduais mais ricos, perdendo para o Maranhão (que teve variação média de 142%), Roraima (139%), Alagoas (119%), Rondônia (115%), Santa Catarina (106%), Espírito Santo (103%) e Minas Gerais (96%). O estado que apresentou a menor média de variação de patrimônio de seus senadores e deputados foi a Paraíba, com -25%. O estado que possui o maior número de políticos, São Paulo (com 41) apresentou média de variação de 20%.

No que se refere aos vereadores, Curitiba ficou em 21.º lugar no ranking com a variação negativa. A cidade que teve a maior variação foi Fortaleza, que apresentou média de variação de enriquecimento de 135%. Boa Vista ficou em segundo lugar, com 122%.

Os pesquisadores da ong Transparência Brasil acreditam que os resultados possam ajudar o eleitor a escolher melhor o seu candidato. Na opinião do coordenador de projetos da ong, Fabiano Angélico, com os dados em mãos as pessoas podem entrar no site do projeto Excelências (www.excelencias.org.br/@patrimonios.php) e verificar o quanto cada político enriqueceu. Os dados estão separados por estado. “Claro que não podemos generalizar, dizer que só porque enriqueceram são ladrões. Mas aparentemente eles ficaram mais ricos em ritmo muito maior do que a população em geral. Sabendo disso, as pessoas podem ficar com um pé atrás com este ou aquele político, e procurar se informar mais sobre eles”, analisou o pesquisador.

Angélico analisou ainda as conseqüências de resultados como este, que mostram, por exemplo, que um político chega a ficar quase 200% mais rico em dois anos. “A tendência é que ele legisle em causa própria, pois não tem conhecimentos dos problemas da população em geral. Este político não usa ônibus, não deixa seus filhos na escola pública, por exemplo. Os dados realmente surpreendem”, afirmou.

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