Poder paralelo

Polícia Militar ocupa Assembleia Legislativa

A primeira das mudanças “radicais e surpreendentes” prometidas pelo novo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB) ocorreu menos de 24 horas de sua posse.

Na madrugada de ontem, atendendo a pedido de Rossoni, a Polícia Militar do Paraná ocupou a Casa e, desde ontem, são os policiais militares os responsáveis pela segurança da Assembleia e não mais a polícia legislativa, formada pelos seguranças da Casa, na maioria, servidores em cargos em comissão.

A decisão foi tomada após a pressão que Rossoni diz ter sofrido dos seguranças após a decisão de não recontratar todos os comissionados exonerados no final da legislatura anterior, como de praxe. “Aqui existia um sistema. Quem não seguisse a vontade de alguns seguranças, muitas vezes, foi espancado. Agora mudou”, declarou.

Rossoni disse ter sido ameaçado pelo presidente do Sindicato dos Servidores da Assembleia (Sindilegis) Edenilson Ferry, segurança da Assembleia, também conhecido por Tôca.

“Ele exigia que eu assumisse compromissos com ele, que eu não assumi, pois eles não queriam mudanças. Então, chegaram a invadir meu gabinete cobrando que eu os recontratasse”, disse o presidente do legislativo.

Rossoni disse ainda que estava insatisfeito com o trabalho dos seguranças, a quem acusou de formar um poder paralelo. “Os seguranças não estavam trabalhando direito, não tinha nenhum à noite, por exemplo, e estavam mandando na Assembleia. Só entrava e circulava aqui quem os seguranças queriam. E alguns deles ganhavam mais que deputados”, disse.

Assim, Rossoni anunciou a criação de um gabinete militar na Casa, que será comandado pelo tenente coronel Arildo Luiz Dias e terá 25 policiais à disposição. Segundo o deputado, a Assembleia ressarcirá o Estado pelos gastos com a manutenção do efetivo.

O governador Beto Richa (PSDB) disse que atendeu prontamente o pedido do presidente da Assembleia e determinou o policiamento militar na Casa, uma prática que, segundo ele, já é prática em alguns estados.

“Não mediremos esforços para ajudar nas ações de moralidade que o presidente pretende implantar na Assembleia”, disse. “Não temos cálculos exatos desses custos, mas é insignificante se comparado aos benefícios que vai trazer para essa instituição recuperar a credibilidade, o respeito, a confiança do cidadão paranaense”, concluiu.

A manhã foi agitada na Assembleia, com a apreensão de documentos e a abertura, pela Polícia Militar de um cofre na sala dos seguranças, onde foi encontrado um revólver e dois aparelhos bloqueadores de escutas telefônicas.

Tôca atribuiu a operação à retaliação de Rossoni a uma série de denúncias que o sindicato preparava contra o deputado, “de funcionários fantasmas, salários acima do teto constitucional e superfaturamento em contratos irregulares”.