Operação Dragão

Sede de construtora e de concessionária de pedágio são alvos da Lava Jato no Paraná

Foto: Agência Brasil.

A 36.ª fase da Lava Jato está em curso. Foi deflagrada, na manhã desta quinta-feira (10), a Operação Dragão, que mira dois importantes operadores financeiros do esquema de movimentação ilegal de recursos. De acordo com a Polícia Federal, as equipes policiais estão cumprindo 16 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva em cidades do Ceará, São Paulo e Paraná – aqui, as ações são em Curitiba e Londrina.

  • Jaguarauna/CE: 01 (um) mandado de busca e apreensão
  • São Paulo/SP: 07 (sete) mandados de busca e apreensão
  • Barueri/SP: 05 (cinco) mandados de busca e apreensão
  • Santana de Parnaíba/SP: 01 (um) mandado de busca e apreensão
  • Curitiba/PR: 01 (um) mandado de busca e apreensão
  • Londrina/PR: 01 (um) mandado de busca e apreensão

Segundo informações extraoficiais, no Paraná estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão nas sedes da Construtora Triunfo (Curitiba) e da concessionária de rodovias Econorte (Londrina). Na sede da Triunfo, há um carro da PF nesta manhã. A Econorte, que opera estradas no Norte do Paraná, pertence à Triunfo. A Gazeta do Povo entrou em contato com a Triunfo para que a empresa se pronuncie sobre a ação da PF. Até o momento, não obteve uma resposta.

Um dos alvos dos mandados de prisão é o empresário Adir Assad, que já está preso pela Lava Jato e que também já havia sido condenado por participar do esquema de corrupção na Petrobras. Assad tinha sido preso na 10.ª fase da Lava Jato, em março de 2015. O outro operador investigado nesta fase da Lava Jato é o advogado Rodrigo Tacla Duran. Ele em biagem ao exterior. Anteriormente, Duran havia sido apontado como um dos responsáveis por offhores criadas pelo departamento de propina da empreiteira Odebrecht, além de ter recebido pagamentos suspeitos de outras empreiteiras envolvidas na investigação.

Segundo a PF, esta nova fase investiga dois operadores financeiros, que seriam responsáveis pela movimentação de recursos de origem ilegal, obtidos por meio de relações criminosas entre empreiteiras e empresas sediadas no Brasil com executivos e funcionários da Petrobras. São apuradas as práticas de corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro, além de outros crimes.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir das investigações foram encontradas diversas evidências de que os operadores utilizaram-se de mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro, entre os quais o uso de contas bancárias em nome de offshores no exterior, a interposição de empresas de fachada e a celebração de contratos falsos.

Os investigadores acusam Duran de ter lavado dezenas de milhões de reais por intermédio de empresas que ele controlava. Segundo o MPF, diversos envolvidos na Lava Jato usaram essas empresas de Duran para pagar propina. Dentre os usuários dessas empresas estão, segundo a acusação, a UTC Engenharia e a Mendes Júnior Trading Engenharia – ambas já investigadas. As duas teriam repassado, respectivamente, R$ 9,1 milhões e R$ 25,5 milhões ao operador financeiro entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas contratadas pela administração pública também realizaram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino.

O MPF informou ainda que as investigações comprovaram que Assad repassou R$ 24,3 milhões para Duran. Além disso, empresas ligadas a outro operador, Ivan Orefice Carratu, ligado a Duran, receberam de Adir Assad a quantia de R$ 2,9 milhões.

No material divulgado à imprensa pelo MPF não está claro se todos esses recursos foram usados para pagamento de propina nem quem seriam os beneficiários.

Apelido

O nome “dragão” dado à investigação policial é uma referência aos registros na contabilidade de um dos investigados que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior.