Polêmicas e acusações no último debate entre Requião e Alvaro

Os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições para o governo do Paraná, Roberto Requião (PMDB) e Alvaro Dias (PDT), participaram na noite de ontem do último debate da campanha, realizado pela Rede Paranaense de Comunicação. O confronto foi marcado por várias polêmicas e acusações, com os candidatos defendendo números e opiniões divergentes sobre obras realizadas em suas administrações à frente do Estado e propostas de governo.

Texeirinha e apreensão

As polêmicas começaram logo na primeira pergunta, quando foi sorteado o tema violência entre os jovens. Alvaro desviou do assunto para retomar a discussão sobre a morte do líder sem-terra Texeirinha, assassinado pela Polícia Militar durante o governo de Requião. O candidato do PDT lembrou que o Estado foi condenado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) por violações aos direitos humanos no caso.

Requião se defendeu dizendo que Alvaro baixou o nível da campanha. O senador peemedebista afirmou que a Polícia Federal havia “estourado” uma gráfica que produzia material difamatório contra Requião. “Seus companheiros de campanha estão presos na delegacia da PF”, declarou. Também acusou Alvaro de contar com o apoio de policiais corruptos, citados na CPI do Narcotráfico.

Professores

Quando o tema sorteado foi sobre salários dos professores, Requião disse ter “herdado” um aumento salarial de 133%, que teria sido concedido por Alvaro, que o antecedeu no governo do Estado, para ser pago durante seu mandado. O candidato do PMDB também prometeu repor as perdas inflacionárias de três em três meses, além de aumentos “sempre que possível”. Propôs também a criação da Universidade do Professor.

Alvaro rebateu dizendo que Requião arrochou o salários da categoria, que ao final do governo do peemedebista recebia 40% menos que ao final da administração do pedetista, “mesmo com o aumento de 133% que diz ter herdado de mim”.

Energia

Outra polêmica do debate foi sobre as propostas de Requião de conceder desconto de 40% na tarifa de energia elétrica e isenção de impostos para as pequenas e microempresas. Segundo Alvaro, as propostas são inviáveis. “Só quem pode determinar tarifas é a Aneel (agência reguladora do sistema elétrico)”, defendeu Alvaro, além de afirmar que o desconto “quebraria a Copel”.

Requião afirmou que a proposta é financeiramente viável e que acarretaria em aumento na arrecadação de ICMS, já que parte da energia produzida no Estado deixaria de ser exportada para ser vendida dentro do Paraná.

Pedágio

Ambos os candidatos criticaram a cobrança de pedágios nas rodovias. Alvaro defendeu uma auditoria nos contratos e prometeu que, caso fossem encontradas irregularidades nos contratos, estes seriam anulados. Também prometeu diminuir o preço das tarifas, que seriam fixadas por um conselho formado pelo governo, administradoras e usuários.

“Auditoria para quê?”, questionou Requião. Para o candidato do PMDB, os prejuízos causados ao Estado pelo pedágio são visíveis. Ele prometeu obrigar as administradoras a reduzir as tarifas de acordo com o que cada uma gasta na manutenção das estradas, ou a anulação do contrato. “Não existe direito adquirido contra o interesse público”, afirmou.

Alvaro rebateu acusando Requião de ter defendido o pedágio quando era governador e de ter encomendado um estudo sobre a viabilidade da cobrança. “É mentira”, limitou-se a responder Requião.

Sanepar

A privatização da Sanepar entrou no debate questionada por Requião, que afirmou que todos os contratos que permitiram terceirização de serviços foram assinados pelo ex-secretário José Carlos Gomes Carvalho, coordenador de campanha de Alvaro e suplente de seu irmão, Osmar Dias, no Senado.

Alvaro disse ser contra a privatização. Ele afirmou que apresentou um projeto lei no Congresso proibindo a privatização de empresas estratégicas e novamente defendeu uma auditoria dos contratos.

Porto de Paranaguá

Sobre o Porto de Paranaguá, Alvaro disse ter deixado em caixa ao final de seu governo recursos para a ampliação do cais. Afirmou que Requião cancelou a licitação e que as contas do porto durante o governo do peemedebista foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas.

Requião negou que suas contas tenham sido rejeitadas e afirmou que a licitação feita por Alvaro estava superfaturada. Ele defendeu uma “direção negociada” e acusou Alvaro de ligação com os empresários que atualmente controlam o porto.

Pronaf e Panela Cheia

Requião defendeu o seu programa “Crédito da Roça”, segundo o qual o Estado assumiria os juros dos empréstimos concedidos aos pequenos agricultores pelo governo federal através do Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (Pronaf). Também disse que o programa “Panela Cheia”, que durante seu governo permitia o pagamento de dívidas com insumos produzidos pelo agricultor, será retomado em caso de novo surto inflacionário.

Alvaro disse que o “Panela Cheia” é inviável e que foi suspenso pelo Banestado devido à alta inadimplência. Também afirmou que o programa atingiu somente 2% dos pequenos produtores agrícolas do Paraná. Requião contestou os números, afirmando que a inadimplência foi de apenas 0,1%.

Lula

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, também fez parte do debate. Requião ressaltou o apoio que recebeu do Partido dos Trabalhadores e de Lula, além de outros partidos, como o PPS e o PV.

“Também voto no Lula, por imposição do meu partido”, respondeu Álvaro. No segundo turno, o PDT declarou apoio incondicional à candidatura petista à Presidência.

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