PMDB ignora a crise e olha para 2006

Enquanto o governo Lula se debate na crise política, o PMDB se organiza para disputar a sucessão presidencial. O economista e ex-presidente do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, apresentou ontem, em Brasília, o estudo com as propostas do PMDB, que fez sob encomenda de algumas lideranças do partido, para servir de orientação ao programa de governo do candidato peemedebista à sucessão presidencial do próximo ano.

Ao mesmo tempo, na reunião da executiva nacional com os governadores do partido, entre eles, o governador Roberto Requião (PMDB), ficou decidido que os interessados em concorrer à indicação para disputar a presidência da República podem se inscrever até dezembro. As prévias para escolher o candidato começam em março de 2006, decidiram os governadores e a direção nacional do partido.

Um dos que sugeriram a formulação do projeto a Lessa, o governador do Paraná ainda não decidiu se irá apresentar sua inscrição, segundo informou sua assessoria. Requião figura entre os nomes citados no partido para disputar a prévia, como o governador gaúcho, Germano Rigotto, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, entre outros, e até o presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobin, filiado ao PMDB.

Conforme a assessoria de Requião, até o final do ano, o governador analisa se participa ou não da prévia. Requião tem dito que é candidato à reeleição ao governo do Estado, mas deputados estaduais do partido garantem que ele irá apresentar seu nome às prévias.

Crise ideológica

O documento elaborado sob a coordenação de Lessa leva o título "Para Mudar o Brasil". O grupo que formulou o projeto propôs que a Executiva organize 27 seminários nas capitais estaduais e no Distrito Federal, com as instâncias locais do Partido para debater as propostas. O documento afirma que antes de ser econômica, a crise brasileira é política, ideológica e cultural. E que o projeto do PMDB deve se fundamentar em compromissos com a democracia, o aperfeiçoamento do sistema político, a soberania, a autonomia de decisões e a solidariedade, a eliminação das desigualdades sociais, o desenvolvimento econômico, e a independência em relação a políticas internas e externas.

O plano do PMDB propõe a substituição do que chama de "macroeconomia do curto prazo", substituindo-a pela economia do desenvolvimento, com uma combinação de políticas monetária e fiscal para a recuperação do emprego. "Tais políticas podem e devem ser financiadas pelo superávit de cerca de R$ 80 bilhões que hoje são esterilizados no pagamento de juros ao sistema financeiro em detrimento da educação, da saúde, do emprego e da segurança do povo brasileiro", afirma o documento. O plano propõe também o controle da movimentação de capitais e seus movimentos especulativos, com o Banco Central retomando a capacidade de fixar taxas de juros compatíveis com o equilíbrio das contas públicas e a retomada do crescimento econômico.

O plano peemedebista foi elaborado por Lessa, Darc Costa, Luís Eduardo Melin, o economista que já foi filiado ao PT, César Benjamin, Marcio Henriques e Fernando Peregrino.

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