PMDB convida PT para apoiar candidatura de Pessuti

O PMDB formalizou um convite ao PT para discutir a sucessão estadual de 2010. Na conversa, marcada para a noite da próxima segunda-feira, 13, os peemedebistas vão pedir apoio às candidaturas do vice-governador Orlando Pessuti ao governo e do governador Roberto Requião ao Senado, nas eleições do próximo ano.

Deixam em aberto para uma composição com o PT a indicação do candidato a vice-governador e da outra vaga ao Senado e sinalizam com o apoio à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), à Presidência da República.

O encontro foi solicitado pelo presidente do diretório estadual do PMDB, deputado estadual Waldyr Pugliesi, à presidente do diretório estadual do PT, Gleisi Hoffmann.

A linha do discurso que o PMDB apresentará ao PT já foi dada por Requião na semana passada, quando o governador disse que o PT deveria optar entre uma aliança com o PDT e o PMDB.

Fábio Alexandre
Pugliesi: uma coisa ou outra coisa.

Pugliesi afirmou que uma coligação com o PMDB exclui a possibilidade de o PT se aliar ao PDT, em torno da candidatura do senador Osmar Dias ao governo do Estado.

“Nós queremos apoio ao Pessuti. Se o PT resolver ficar com o PMDB, não pode ficar com o PDT. Uma coisa anula a outra”, disse o presidente do diretório peemedebista, afirmando que as duas candidaturas, a de Requião e Pessuti, estão consolidadas internamente.

Pugliesi admitiu que cada lado vai apresentar suas condições para a coligação. “Uma coisa se insere na outra. A eleição para presidente e a eleição ao governo estão na mesma conversa”, disse.

Os peemedebistas apontam as vantagens que o PT teria nesse acordo. Entre elas, a estrutura do PMDB estadual e as suas várias prefeituras no estado. “São 140 prefeitos, oitocentos vereadores. Isto daria um forte palanque para a Dilma Rousseff, no Paraná”, afirmou.

É cedo

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Requião: endurecendo o jogo.

O líder da bancada do PT, Péricles Mello, insistiu na defesa de uma coligação no Paraná que inclua todos os partidos da base de apoio do presidente Lula (PT) no Congresso Nacional, mas fez o discurso da conciliação em relação às resistências do PMDB ao PDT.

“Como o PMDB já tem um candidato, é direito deles pedirem o apoio. Nada impede que nossa conversa prossiga até porque é cedo para decidir”, afirmou o líder.

Ele observou que, por enquanto, as candidaturas não estão definidas. “A conjuntura é instável. E ninguém tem bola de cristal para saber quem serão os candidatos amanhã”, disse. Para o petista, apesar de ser a segunda rodada de conversas com o PT, ainda é o começo das negociações.

O PT já se reuniu com o PDT, PP e, na semana passada, conversou com o PCdoB. Na lista ainda estão o PSB, que no Paraná é aliado do PSDB, e o PR. “O PT busca uma ampla aliança com os partidos da base do governo Lula que tenha uma candidatura forte ao governo do Paraná e um palanque forte para a ministra Dilma”, comentou Mello.

Tática peemedebista pode ser de pressão ao PT

Apesar da iniciativa de procurar o PT para conversar sobre alianças nas eleições de 2010, o movimento do PMDB pode não ser exatamente o de aproximação da candidatura da ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Esta é a versão de algumas alas do PMDB que, apesar do conflito ,com o PSDB, ainda apostam num acordo com os tucanos para 2010.

A leitura é que, ao chamar o PT para uma conversa, o PMDB está pressionando os petistas a se posicionarem, já sabendo previamente que existe uma negociação inconclusa com o senador Osmar Dias (PDT) que impediria uma decisão definitiva neste momento por parte do PT.

A interpretação é que o encontro pode ser o pretexto que algumas alas do PMDB buscam para convencer Requião a romper de vez a conversa com o PT e buscar a reabertura do diálogo com o PSDB. Diálogo que, no plano nacional, não está interrompido. Os peemedebistas favoráveis a um acordo com o PSDB para 2010 aguardam para a próxima semana a vinda do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para uma visita ao governador do Paraná. Kassab viria em nome do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, o governador de São Paulo, José Serra.

Nem mesmo no plano local, a situação entre peemedebistas e tucanos estaria tão crítica quanto sugerem as aparências. Dos cinco deputados tucanos que, anteontem, juraram romper com o governo do Estado, um já esteve conversando com o governador ontem. Luiz Nishimori reuniu-se com Requião que, pela manhã, durante a escola de governo, havia apelado para que os chamados “tucanos de bico vermelho” permanecessem na base do governo.