Pimentel diz que gestões anteriores deixaram MG em “situação grave”

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), usou os dados da auditoria feita nas administrações do PSDB no Estado para tentar desmontar o chamado choque de gestão, principal bandeira usada pelo senador tucano Aécio Neves (MG). Nos números apresentados nesta segunda-feira, 6, o governo mostrou que as despesas do Estado tiveram crescimento constante e muito superior à receita nas gestões anteriores.

Segundo Pimentel, a situação do Estado hoje é “muito grave” por causa da “ausência de gestão e gerenciamento”. De acordo com o governo, o déficit de mais de R$ 7 bilhões previsto para contas públicas este ano é o resultado de um problema crescente no Estado. “O que o Estado tem a oferecer é um déficit. Ele não caiu do céu. Vem sendo construído. Não estamos falando de um governo que ficou três meses, seis meses. Estamos falando de um governo que ficou aí anos”, observou o governador.

Pimentel exemplificou a “falta de gestão” afirmando que há cerca de “cinco centenas de obras” paradas em Minas. Outro exemplo mostrado por sua equipe foi a construção da Cidade Administrativa, principal obra da gestão de Aécio. As gestões anteriores sempre alegaram que a obra teve um custo de pouco mais de R$ 900 milhões e foi realizada para reduzir gastos com o custeio da máquina.

Porém, de acordo com o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, o Executivo desembolsou “aproximadamente R$ 2 bilhões” para fazer um “prédio público que não gera retorno nenhum”. “Não teve economia nenhuma de aluguel com a Cidade administrativa”, disse. Nos dados apresentados pelo secretário, além do gasto mensal de R$ 10 milhões com a manutenção da estrutura, que abriga a maior parte da administração, o gasto do Estado com alugueis passou de R$ 13,5 milhões em 2010, quando a obra foi concluída, para R$ 66,3 milhões ano passado. “Houve explosão de custeio e contratos que não têm gerenciamento na sua execução”, disparou o secretário.

Pedras

Em sua rápida apresentação, Pimentel declarou que o objetivo da auditoria, batizada pelo governo de “diagnóstico”, não é “procurar culpados nem jogar pedra no passado nem olhar para trás como forma de administrar”. “Não é uma disputa política. Vamos ter que recuperar a capacidade gerencial do Estado, porque atualmente ela inexiste. Ela vai ser recuperada”, disse o petista, que em nenhum momento citou o nome de Aécio ou de seus sucessores, o também senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Alberto Pinto Coelho (PP).

Helvécio Magalhães, no entanto, revelou que já foram encontrados diversos indícios de irregularidades nas gestões anteriores, que estão sendo investigados por meio de auditorias próprias. Ele observou que as apurações ainda estão em andamento e que não há como falar em irregularidades de fato, mas não descartou a possibilidade de responsabilizar ex-dirigentes de órgãos, ex-secretários ou mesmo ex-governadores caso algum ilícito seja comprovado. “Detectando problemas e abrindo auditorias onde for necessário. Elas precisam ser finalizadas. Precisa ser investigado. Não há nenhuma contenção para não investigar, independentemente de onde estiver o problema”, afirmou.