PF apura envolvimento de Bornhausen e Serra

A revista IstoÉ Dinheiro desta semana publicou reportagem apresentando provas e pistas do trabalho já realizado pela Polícia Federal que comprovam as irregularidades investigadas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada no Congresso Nacional para apurar a lavagem de US$ 30 bilhões por meio das agências bancárias de Foz do Iguaçu. A CPI iniciou seus trabalhos ontem.

O documento mais importante apresentado pela reportagem é o dossiê AIJ 000/03, de 11 de abril de 2003, assinado pelo perito criminal da Polícia Federal Renato Rodrigues Barbosa. Já entregue ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com o carimbo de “confidencial”, o documento – assinado por Barbosa e pelo delegado José Francisco Castilho Neto – lista 22 dossiês com os nomes de uma série de políticos importantes que teriam sido beneficiados pelo esquema de remessa ilegal de dinheiro.

O dossiê AIJ001, por exemplo, cita claramente as transações financeiras feitas pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, e seu irmão Paulo Konder Bornhausen. O de número AIJ003 faz referências a José Serra – mesmo nome do candidato a presidente do PSDB nas eleições do ano passado. Um terceiro dossiê (AIJ002) cita o empreiteiro Wigberto Tartuce, ex-deputado federal pelo Distrito Federal.

E o AIJ004 cita o nome S. Motta – o que indica um possível envolvimento do ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta, falecido em abril de 1998. De acordo com a reportagem da IstoÉ Dinheiro, um dos documentos entregues a Thomaz Bastos são registros bancários que, de acordo com a Polícia Federal, comprovariam a ligação destes políticos com o caso Banestado.

José Serra

Um dos casos mais polêmicos relatados no dossiê envolve Serra. O nome José Serra aparece em extratos fornecidos à PF pelo banco americano JP Morgan Chase. Um deles contém uma ordem de pagamento internacional no valor de US$ 15.688,00. De acordo com a reportagem, o dinheiro teria saído da chamada “Conta Tucano” e sido transferido para a conta 1050140210, pertencente à empresa Rabagi Limited, no Helm Bank de Miami, na Flórida.

O documento, segundo a IstoÉ Dinheiro, indica que Serra teria poderes para movimentar diretamente a Conta Tucano que recebeu, entre 1996 e 2000, um total de US$ 176,8 milhões. As investigações da Polícia Federal indicam que os recursos teriam sido enviados por “laranjas” a partir de Foz do Iguaçu, passaram pela agência do Banestado em Nova York e pelos cofres do JP Morgan Chase e transferidos para 70 empresas em paraísos fiscais.

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