Perillo diz que casa foi quitada dois meses antes do registro de escritura

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apresentou hoje à CPI do Cachoeira cópias de extratos bancários que mostram que o R$ 1,4 milhão que ele afirma ter recebido em decorrência da venda de uma casa entrou em sua conta em maio de 2011. No entanto, o registro da transação do imóvel em cartório ocorreu apenas dois meses depois, em 13 de julho daquele ano.

O governador goiano presta depoimento à CPI. Os documentos foram apresentados em sua exposição inicial. Ele ainda não começou a ser inquirido pelos parlamentares. Até o momento, ele não explicou a razão do intervalo de dois meses entre a quitação do valor que diz ter negociado com Wladimir Garcez, ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia pelo PSDB e apontado pela Polícia Federal como braço direito do empresário Carlos Cachoeira.

Como a Folha de S.Paulo mostrou semana passada, o empresário Walter Paulo Santiago repassou, na véspera do registro do negócio em cartório, R$ 2 milhões em dinheiro para Garcez e para o então assessor especial de Perillo, Lúcio Fiuza. O valor é indicado em grampos realizados pela Polícia Federal. Desse valor, indicam as gravações, R$ 600 mil foram repassados para Fiuza, sendo R$ 100 mil a título de comissão.

Santiago consta na escritura, registrada no dia seguinte, como comprador da casa, por meio de empresa da qual é o administrador. Em depoimento à CPI, semana passada, disse ter pago somente R$ 1,4 milhão, em “pacotinhos”. Esse é o valor que consta na escritura da casa e em recibo assinado por Garcez e Fiuza, com data de 12 de julho de 2011.

O R$ 1,4 milhão restante foi entregue por Garcez a um contador do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu. Garcez afirma que desistiu da compra da casa ao perceber que não teria como cobrir os cheques que, segundo ele, lhe foram emprestados por Abreu. Depois disso é que afirma ter procurado Walter Paulo Santiago, que se interessou em ficar com a casa.