Paraná recebe R$ 1,25 bilhão na primeira fase do PAC

Com mais de um mês de atraso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, ontem, em Piraquara, os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na área de saneamento básico e habitação no Paraná. Serão R$ 1,251 bilhão investidos em 35 municípios nesta primeira fase. A visita do presidente para anunciar os investimentos estava inicialmente marcada para o dia 20 de julho, mas foi adiada por causa do acidente com o airbus da TAM.

Antes de fazer o lançamento oficial do PAC, o presidente visitou, acompanhado do governador Roberto Requião, dos ministros das Cidades, Márcio Fortes, e do Planejamento, Paulo Bernardo, secretários de Estado, prefeitos e deputados, as obras de saneamento e urbanização do Jardim Guarituba, em Piraquara, que receberá R$ 98 milhões do programa federal e beneficiará 40 mil pessoas.

Na solenidade, realizada na Escola Municipal Heinrich de Souza, o presidente destacou a ousadia do governo em investir em saneamento básico, para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros mais pobres. ?É este país que nós precisamos mudar, e que não é uma tarefa fácil, uma coisa que a gente consegue fazer do dia para noite, leva anos, às vezes dez, vinte anos, mas nós temos que começar, e o PAC é um grande instrumento que nós criamos para isso. Serão R$ 504 bilhões em quatro anos, dos quais R$ 40 bilhões são para saneamento básico e urbanização de favelas, R$ 106 bilhões para habitação e mais estrada, ferrovia, aeroportos e portos?, destacou, declarando que há mais de 30 anos o Brasil não via esse tipo de investimento. ?O último presidente a investir em estrutura foi o presidente Geisel, em 1975, foi o último grande projeto de investimento em infra-estrutura?, afirmou.

O ministro do Paulo Bernardo anunciou as 100 obras programadas para o Estado, os critérios de seleção e a origem dos recursos: Serão R$ 792,6 milhões em financiamentos federais, R$ 274,2 disponibilizados pelo Orçamento da União, R$ 144,6 milhões em contrapartida do Estado e R$ 39,6 milhões em contrapartida dos municípios. ?O PAC contempla, inicialmente, a região metropolitana e municípios com mais de 150 mil habitantes. Mas já há recursos reservados para municípios menores?, destacou Bernardo. ?Não haverá contingenciamento, são recursos já liberados e que serão repassados à medida que as obras forem avançando?, reforçou o ministro das Cidades, Márcio Fortes, que indicou que os processos licitatórios devem ocorrer até o final do ano, com algumas obras iniciando ainda neste semestre.

Segundo a Presidência da República, os recursos vão beneficiar 2,8 milhões de pessoas. A área de saneamento terá R$ 828 milhões para obras, como a ampliação dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Em habitação, os investimentos somam R$ 422 milhões para urbanização de favelas e realocação de famílias que vivem em beiras de córregos e áreas de risco.

O presidente Lula também anunciou para o próximo dia 19 de setembro o lançamento do PAC Funasa. ?Serão R$ 4 bilhões que têm endereço certo. Primeiro, nós vamos atender com água e esgotamento sanitário 90% das comunidades indígenas brasileiras; segundo, nós vamos atender 50% das comunidades de quilombolas do País?. O presidente adiantou, ainda, a destinação de R$ 3,5 bilhões para as cidades até 50 mil habitantes. ?O critério é: primeiro as cidades que tenham maior índice de mortalidade infantil, segundo as cidades que tenham maior índice de malária, terceiro as cidades que tenham maior índice de doença de chaga?, concluiu o presidente.

Lula deixou Curitiba no início da tarde, após almoço com Requião, partindo para Porto Alegre onde, à tarde, anunciou os investimentos do PAC no Rio Grande do Sul.

Sete gatos pingados na Boca

Fabiano Klostermann

Foto: Chuniti Kawamura

O protesto contra o presidente não reuniu muita gente.

A passagem do presidente por Curitiba também provocou uma pequena manifestação ontem em frente ao hotel Bourbon, no centro da cidade. Para decepção dos participantes, Lula não retornou ao local e seguiu direto ao aeroporto após almoçar na Granja do Cangüiri.

Segundo os participantes, a iniciativa, que reuniu menos de dez pessoas, foi divulgada em comunidades do Orkut e correio eletrônico. De acordo com o analista de sistemas Ânderson Ribeiro Carli, o protesto teve pequena participação porque o público esperado trabalha no horário em que ele ocorreu. ?A maioria da classe média trabalha e não pôde estar aqui. Mas é simbólico e eu espero que as pessoas indignadas, como eu, saiam do sofá e reclamem do que está errado?, disse. Ele defende o enxugamento do estado e mantém um site na internet para explicar o liberalismo (www.menosgoverno.org).

Outros participantes preferiram não dar seus nomes completos pois temem represálias em seus empregos e dizem já ter recebido ameaças de morte por expressarem suas opiniões no Orkut.

O protesto terminou com o grupo seguindo a pé até a Boca Maldita. No caminho, gritaram palavras de ordem contra o Partido dos Trabalhadores (PT) e o governo Lula.

Voltar ao topo