Para Bernardo, impeachment é molecagem da oposição

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, classificou ontem como ?molecagem? a proposta da oposição de pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). ?Eles estão descambando para a molecagem. Esse negócio de querer ganhar no tapetão, ninguém aceita. A época do golpe já passou?, disse o ministro, que participou da reunião do diretório estadual do PT, realizada ontem em Curitiba, onde se discutiu a organização da campanha do partido no estado e para a sucessão presidencial.

Bernardo disse que a oposição está ?desesperada? diante das pesquisas de intenção de votos e de avaliação do governo Lula. ?Toda a conjuntura está demonstrando que eles vão perder. Por isso, o desespero. Só que eleição se ganha com voto. Não com golpe?, afirmou Bernardo.

Para o ministro, a tese de impeachment dos adversários do governo se sustenta apenas na vontade de voltar ao poder. ?Querem tirar o presidente Lula para voltar com o mesmo governo, que há quinhentos anos vem governando este país?, atacou Bernardo, citando que nenhuma das CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) em atividade ou que já foram encerradas conseguiu levantar qualquer prova de desonestidade do governo Lula.

Segundo o ministro, as CPIs terminaram com acusações de irregularidade na manipulação de recursos de campanha, mas não atingem o governo de Lula. ?Ao lado do processo de investigação, teve um processo de denuncismo. Coisas inventadas, disparates?, comentou, citando que o bombardeio sobre os ministros de Lula tem como alvo o próprio presidente.

?Primeiro, foi o caso do José Dirceu. Não mostraram nenhuma prova documental. Depois foi o episódio do Palocci, agora o Márcio (ministro da Justiça). O alvo deles é o Lula?, mencionou Bernardo, avaliando que, no caso de Palocci, o afastamento foi necessário por que as denúncias eram graves, envolvendo a quebra de sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Cabe à Justiça esclarecer o que ocorreu, disse Bernardo, afirmando que a melhor forma de proteger Lula é governar.

Bernardo comentou que a oposição não tem suporte para difundir a idéia do impeachment do presidente, diante de índices de aprovação superiores a 50% em todo o país. ?Tem alguns falando levianamente nisso, mas não teve ninguém com coragem e brilho suficiente para fazer isso?, declarou. Sobre a melhor estratégia eleitoral para reeleger Lula, se o presidente for novamente candidato, Bernardo disse que é a apresentação de um programa consistente de governo e a execução de uma eficiente campanha de esclarecimento da população sobre as realizações desta administração.

Javanês

Na avaliação de Bernardo, a oposição deveria estar se organizando para, de forma competente, explicar ao eleitor as suas propostas. ?A oposição tem um candidato. Tem que dizer como pretende governar. Se vai ser igual ao que já foi. Isso é o que deve ser discutido. Isso sim ajuda no aperfeiçoamento das instituições democráticas. Eles que coloquem o candidato deles para falar. Porque até agora o candidato deles está falando javanês ou pode ser cantonês, porque ninguém entende o que ele diz?, atacou o ministro.

A eleição presidencial não é a única este ano, destacou o ministro, que considera despropositadas as análises indicando que Lula está fragilizado no Congresso Nacional e que a situação se agravaria em caso de um segundo mandato. ?Nós teremos eleição para os governos, para o Senado, Câmara. Todos têm que enfrentar a reeleição e ninguém sabe como irá ficar o quadro depois da eleição. O que eu posso dizer hoje é que é mais fácil o presidente Lula se reeleger do que os deputados que agora o estão acusando?, declarou. 

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