Resistência à aliança

Osmar assina CPI do MST e se afasta do PT

Único senador do PDT que assinou a proposta de CPMI do MST, Osmar Dias disse que agiu por coerência, sem se preocupar com as consequências eleitorais de sua decisão.

Negociando uma aliança com o PT para a disputa do governo do Estado no ano que vem, Osmar é visto com resistência por alas petistas justamente por sua ligação com o agronegócio e sua assinatura na CPMI pode ser mais um argumento para o grupo contrário à aliança.

“Não estou preocupado com o que algumas pessoas pensam e nem com o que outras são pagas para pensar. Estou preocupado em manter minha coerência”, disse o senador, que informou ter assinado a CPMI pelo seu histórico. “Fui diferente dos meus colegas de partido porque eu tenho uma história de defesa da Constituição, das leis, do direito de propriedade e eu coloco sempre essas questões acima das questões políticas”, afirmou.

Osmar disse que só assinou a CPMI no último dia do prazo (quarta-feira) pois avaliou o risco de a CPMI ser uma manobra eleitoral. “Pensei muito, refleti, analisei as razões de quem estava propondo e analisei, também o outro lado. Acho que o MST terá, com a CPMI, uma grande oportunidade de provar que não tem irregularidade. Enquanto que está acusando, terá de provar as irregularidades”, disse.

Questionado se sua coerência permitirá uma coligação com o PT no ano que vem, o senador disse que, apesar desse seu histórico, essa aliança será possível porque será programática.

“Minha coerência permite apresentar um projeto e esse projeto ser o condutor de uma aliança em que aqueles partidos que acharem que esse projeto for importante para o Estado serão bem-vindos. Eu não faço aliança eleitoral e portanto não preciso explicar para ninguém minha aliança com nenhum partido”.

Arquivo
Gleisi ainda investe na aliança.

A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, uma das articuladoras da coligação do PT com o PDT no Paraná, lamentou a decisão do senador. Ela não disse não saber o impacto que essa assinatura terá dentro do PT, mas lembrou que a defesa dos movimentos sociais é uma bandeira do partido.

“Lamento que ele tenha assinado. É um movimento da oposição de tentar desgastar o governo. Não é uma questão central do desenvolvimento do país”, comentou. “Não posso dizer se é decisivo na configuração de uma aliança, pois outros aspectos também serão considerados, mas, com certeza, foi ruim. Até porque nós éramos contrários a essa CPMI. Se for pra fazer CPMI do MST, tem que fazer CPI da grilagem de terras, das dívidas de grandes produtores com o Banco do Brasil, por exemplo”, acrescentou.

Gleisi reafirmou que há sim o interesse em aliança com o PDT, “o PT nacionalmente está investindo na aliança com o PDT e também com o PMDB e nós, aqui no Paraná, temos que fazer tudo para colaborar com essa articulação nacional”, mas admitiu que há um grupo no partido contrário à coligação.

“Há uma corrente dentro do partido que desde o início era contra a aliança, em defesa da candidatura própria. Obviamente que eles têm críticas ao senador Osmar Dias, críticas a essa postura e teremos de fazer esse debate internamente”, comentou, frisando que a decisão sobre coligar ou não será tomada pela base do partido.