Oposição reage contra interdição na Ferropar

A interdição, por tempo indeterminado, do Terminal Integrado de Cargas da Ferropar, em Cascavel, pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) desde a sexta-feira passada, gerou protestos de deputados da bancada de oposição, ontem, na Assembléia Legislativa. O deputado Elio Rusch (PFL) disse que a decisão prejudica o escoamento da safra agrícola. Ontem, de acordo com o deputado, uma fila de cem caminhões carregados com grãos já se formava no pátio da Ferropar, concessionária privada que tem o direito de operar as linhas da Ferroeste, controlada pelo governo estadual.

A assessoria do IAP informou que a interdição da Ferropar permanecerá até que o consórcio cumpra as exigências para se adequar à legislação ambiental. O IAP acusou a Ferropar de descumprimento do Plano de Controle Ambiental. Conforme o IAP, a empresa vem funcionando sem as licenças ambientais de instalação e operação desde 2000.

A decisão do IAP também suspendeu as atividades das empresas América Latina Logística (ALL), Gemon – Geral Engenharia e Montagens, Fao Empreendimentos e Participações Ltda e Pound S.A, que atuam dentro do terminal. Segundo informou a assessoria do IAP, as empresas foram autuadas em janeiro deste ano, mas recorreram do pagamento de multas, que são da ordem de R$ 1,5 milhão. O IAP justificou que as empresas ignoraram as recomendações do órgão e que a interdição foi a única solução para frear a degradação ambiental.

O IAP sustenta que a Ferropar e as empresas mudaram o plano diretor da ocupação da área e teria que ser feito um Plano de Controle Ambiental atualizado para que as licenças ambientais fossem liberadas. Segundo o IAP, em 2002. a Ferropar apresentou o pedido de licença de operação, mas reduzindo a área de conservação ambiental, que teria de ser compensada com a criação de uma área verde para evitar problemas de erosão na região. De acordo com o IAP, a empresa não plantou as cinco mil árvores previstas, não providenciou o gramado indicado e também não instalou a galeria de águas pluviais, causando danos ambientais a inúmeras propriedades vizinhas.

Para o deputado Elio Rusch, o fechamento do terminal ferroviário somente seria justificado se tivesse havido um crime ambiental. "Não houve. A empresa deixou de plantar as árvores, mas pode corrigir isso. O que é grave é fechar um terminal ferroviário no auge do transporte da safra. É um contrasenso porque antes de privatizar, o governo deveria ter feito as obras. E é também uma contradição porque um governo que é contra o pedágio, porque encarece o transporte agrícola, não poderia prejudicar o transporte ferroviário da safra", atacou o deputado.

O Estado do Paraná tentou ouvir ontem o diretor presidente da Ferropar, Benone Schimitz. Mas ele não se encontrava na sede de uma das empresas do grupo, localizada em Santa Catarina. Na empresa, em Cascavel, a direção não retornou ao telefonema da reportagem. 

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