As articulações para as indicações a cargos no próximo mandato do governador Roberto Requião vão durar mais tempo do que o esperado. O governador decidiu que a mudança no secretariado, que ainda não se sabe a extensão, somente entrará na sua agenda a partir do ano novo.
A expectativa era que as alterações fossem anunciadas logo após a volta de Requião da França, para onde ele embarca hoje, 25, e retorna somente na próxima semana. O governador vai a Lyon participar da Pollutec 2006 – Salão Internacional de Equipamentos, Tecnologias e Serviços voltados ao Meio Ambiente.
Mas somente depois de tomar posse, no dia 1.º de janeiro, é que o governador pretende começar a fazer algumas mudanças. Fontes do governo informam que as modificações podem ser executadas de uma só vez, ou aos poucos. O governador não tem pressa em mexer na equipe e vai chamar novos colaboradores à medida em que fechar o seu projeto para os quatro anos. Além do que já propôs na campanha eleitoral e do que pretende manter, Requião estuda novas metas e quer ter tempo para discutir cada uma delas, antes de começar a definir quem vai ser o responsável pela execução.
De compromissos já anunciados, Requião só tem com a ala do PSDB que chama de ?tucanos de bico vermelho?, liderados pelo presidente da Assembléia Legislativa, Hermas Brandão, e com o PT, cujas lideranças já estiveram com o governador apresentando nomes.
Da equipe atual, o governador não tem dado pistas sobre quem permanece ou sai. Há dúvidas também se ele vai recorrer a deputados estaduais e federais do PMDB. A expectativa maior é dos suplentes. O presidente estadual do PMDB, Dobrandino da Silva, já disse que é contra chamar deputados para a equipe. O dirigente peemedebista acha que chamar deputado para a equipe significa criar problemas futuros, sobretudo em épocas eleitorais. Dobrandino lembra que deputados levam para o executivo suas bases eleitorais e a cada eleição, são inevitáveis os conflitos políticos entre deputados e secretários-deputados.
O presidente do PMDB, que deixa o cargo no dia 17 de dezembro, vai conversar com Requião na volta da França sobre a composição do governo. ?Alguma mudança nós já sabemos que vai haver. O governador sabe o que ele tem de trocar. E sabe que essas modificações são salutares?, desconversou.
Áreas de interesse
Algumas áreas são mais cobiçadas que outras. Parte do PT quer a Secretaria da Agricultura, comandada pelo ex-diretor geral Newton Pohl Ribas. O lugar é do vice-governador Orlando Pessuti, mas no próximo mandato, o peemedebista poderá ocupar outras funções. Setores do PMDB acham que a Secretaria do Trabalho estaria sob medida para o PT, já que boa parte do orçamento é composta por verbas federais.
A secretaria de Saúde também entrou na lista das especulações, desde que o atual secretário, Claudio Xavier, tomou a iniciativa de colocar o cargo à disposição. Uma das versões é que, confirmada a saída de Xavier, o cargo pode ser destinado a um tucano. Um possível convite ao atual vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSDB), é muito bem visto por peemedebistas. Mas dentro do partido, há interessados no espaço. Um deles seria o secretário do Planejamento e deputado federal eleito Reinhold Stephanes.