Ministério Público liga Janene a Antônio Belinati

A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Londrina protocolou ontem seis novas ações civis públicas por ato de improbidade administrativa, com relação a desvios de dinheiro da AMA-Comurb, durante a administração do ex-prefeito Antônio Belinati. O nome do ex-prefeito consta em cinco das ações. O do líder do PP na Câmara Federal, deputado José Janene, em três delas.

Entre as ações que citam o deputado está a que questiona a contratação direta das empresas Tâmara e Principal pela Comurb. Como contrapartida ao favorecimento dessas empresas, teriam sido pagas comissões, incluindo mensalidades no valor de R$ 21 mil, que teriam como destinatário final o deputado A ação noticia a ocorrência de prejuízo ao erário no valor de R$ 1,109 milhão. Outra ação descreve a existência de dívidas de campanha de Janene com a gráfica Lizotti, que teriam sido pagas pela Comurb, por meio de licitações montadas, que envolveriam recursos de R$ 85.433,00. A terceira ação que cita o deputado, envolvendo recursos públicos na ordem de R$ 142 mil, refere-se a pagamentos ilegais à empresa Iasin, justificados por meio de montagem de licitação. Fração deste valor (R$ 25 mil) teria Janene como beneficiário final.

Esquema

A investigação se apóia nos testemunhos de José Luiz Sander, dono das empresas Tâmara Serviços Técnicos e Principal Vigilância, e de Vânia Maria Jolo, gerente administrativo-financeira de ambas, que mantinham contratos com Autarquia Municipal do Meio Ambiente (AMA) e com a Companhia Municipal de Urbanismo de Londrina (Comurb).

Sander e Vânia Jolo afirmam que, entre dezembro de 1997 e novembro de 1999, foram pressionados a pagar uma mesada de R$ 21 mil a pessoas indicadas por Janene. Geralmente, o pagamento era feito em espécie e recebido por uma assessora do deputado chamada Rosa Alice Valente. Ela ia até a sede das empresas, em Maringá, e recebia pacotes de dinheiro, entregues por Vânia.

Quando faltava caixa, os R$ 21 mil eram quitados ao longo do mês. Em agenda de Vânia Jolo, apreendida pelos promotores, está anotado o nome de Stael Fernanda Rodrigues Lima, mulher de Janene, junto a uma indicação de conta corrente (13314-0 da agência 0941 do Bradesco), e o nome do deputado.

De acordo com o MP, quando o fôlego financeiro das empresas faltava, a gerente administrativa pagava uma parte em dinheiro à Rosa Alice e depositava o restante ao longo do mês na conta da esposa de Janene. Há pelo menos uma dezena de comprovantes desses depósitos e de outros, em nome de Mehedini Janene, primo do deputado e marido de Rosa Alice, anexados à papelada.

Para tentar encobrir a corrupção, o dinheiro era transferido da conta bancária de uma das empresas para a conta particular de Vânia Jolo, no Banestado, que emitia cheques (alguns deles no valor exato de R$ 21 mil) e os sacava na boca do caixa. 

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