Lula precisa pôr o pé no chão, diz Geraldo Alckmin

Foto: João de Noronha/O Estado

Alckmin: ?O presidente gosta de monólogo?.

Na primeira visita de campanha a uma favela carioca, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ?precisa pôr o pé no chão e ver a realidade do povo, o sofrimento?, mas ?fica aí no AeroLula, andando nas nuvens?.

Alckmin percorreu ao lado do prefeito César Maia (PFL) o Morro da Providência, primeira favela da cidade, na zona portuária, que recebeu obras do projeto Favela-Bairro, da prefeitura municipal. Durante uma hora, ele cumprimentou moradores – que mais cedo haviam recebido material da campanha tucana – acompanhado por quatro seguranças do prefeito.

A Polícia Militar informou que durante a visita foi mantido o efetivo de 30 homens do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae) que ocupa um posto no alto do morro. Os dois candidatos ao governo apoiados por Alckmin no estado, Eduardo Paes (PSDB) e Denise Frossard (PPS), ignoraram a presença do tucano na cidade e não foram à Providência.

Em entrevista na praça central da favela, Alckmin atacou o governo federal. ?O governo Lula não faz as reformas e ainda acha que está tudo bem. Ele (Lula) fica aí no AeroLula, andando nas nuvens. Precisa pôr o pé no chão, ver a realidade do povo, o sofrimento, a dificuldade, a saúde piorando, a educação, as estradas esburacadas e o Brasil sem renda, este é o fato?, disse o candidato.

A presidente da associação de moradores da favela, Márcia Regina Silva, negou que tenha ocorrido acordo com traficantes para a visita, mas criticou a presença da PM no morro. ?A associação estava ciente da visita há sete dias. Não precisa de autorização. Quem vier para ajudar, vai entrar. Na semana passada, recebemos um grupo de 40 holandeses. Ele (Alckmin) tem boa aceitação.? Ela entregou uma carta ao candidato para ?acabar com o sofrimento da comunidade?, em que denuncia ?abusos? cometidos por policiais e afirma que a Justiça no Brasil foi feita para 3Ps (pretos, pobres e prostitutas) e 1F (favelados). O Gpae está há três meses na favela. Segundo Márcia, eles invadem casas sem autorização, matam cachorros e fecham o comércio.

O candidato ainda criticou o fato de Lula não participar de debates. ?O presidente gosta de monólogo, só ele fala, não tem contraditório, não vai a debate, tem medo de confrontar idéias?, declarou. Sobre a mudança de tom da campanha tucana, ele disse que ?é dever de todo brasileiro combater a corrupção?. ?Ninguém está colocando nada de ataque pessoal, está constatando fatos.? O candidato afirmou que o dinheiro para a terceira fase do Favela-Bairro ?está parado no governo federal?. A um mês da eleição, Alckmin voltou a dizer que a campanha ?está começando?.

O tucano disse que fica triste ?de ver o Brasil andando de lado?. ?Acabou de ser divulgado o crescimento de 0,5% do PIB no segundo trimestre. Uma crise da agricultura no Rio Grande do Sul, a indústria automotiva com demissões. Isso mostra que estamos passando por um período difícil e o governo, em vez de agir no rumo certo, ele piora?, avalia. Segundo ele, Lula aumentará mais impostos em eventual segundo mandato, ?para gastar?. ?O Brasil não cresce, fica amarrado com essa política fiscal ruim e juros altos. Não precisa ter juros sideralis, isso é o custo-Lula?, disse. ?O governo federal tem que agir rápido. Em um segundo mandato pode ser pior; o governo sem maioria.?

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