Lula foi “frouxo” com a Bolívia, diz Serra

O pré-candidato a governador do Estado de São Paulo pelo PSDB, José Serra, chamou o governo federal de "frouxo" e "incompetente" diante da crise do gás entre Brasil e Bolívia. "É uma atuação sem firmeza", afirmou. Para Serra, o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguir para a Argentina e se reunir com os presidentes Evo Morales (Bolívia), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina) foi "humilhante".

"Não tem cabimento fazer uma reunião com Chávez e Kirchner. O que eles têm a ver com isso? Esse problema é bilateral e deveria assim ser resolvido", afirmou. Para Serra, a crise do gás foi surpresa apenas para o governo federal. "Não previram que isso poderia acontecer. Foi surpresa só para o governo e para mais ninguém", afirmou.

As alfinetadas na administração petista continuaram quando o ex-prefeito de São Paulo disse que Lula cometeu erros anteriores. "Lula quase participou do processo eleitoral da Bolívia, foi lá dar declaração a favor de Morales e isso não fica bem para um chefe de Estado", disse. O tucano sugeriu que daqui pra frente o Brasil passe a "frear o processo de conversão a gás nas indústrias e agilizar a exploração do gás na Bacia de Santos".

Sobre a disputa interna com o tucano José Aníbal, Serra não quis se manifestar, dizendo apenas que esta decisão cabe ao partido. "Isso o partido resolve; na verdade, não tem tanta relevância", afirmou. Pouco antes da visita de Serra a São José dos Campos, Aníbal deu uma entrevista por telefone à Rádio Bandeirantes de São José e disse que não vai desistir e que tem 25% das assinaturas dos delegados do partido.

Em ritmo de campanha, Serra reuniu-se com todas as lideranças tucanas do PSDB do Vale do Paraíba e, ao chegar, foi logo avisando que não poderia receber "tapinhas no peito" por causa da recuperação de uma cirurgia. A visita foi rápida e terminou com uma caminhada no calçadão do centro comercial de São José dos Campos. Ele recebeu vários elogios e promessas de votos dos eleitores e, a cada criança que cumprimentava, o palmeirense lançava a pergunta: "Você torce para que time?". Em uma lanchonete, recusou-se a comer pastel e ficou com um copo de iogurte e uma banana. Ao tentar pagar a conta, teve a refeição dada de presente pelos balconistas.

Alckmin

Com o objetivo de integrar políticos à sua campanha, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República Geraldo Alckmin, inicia na próxima semana uma série de encontros com parlamentares. É um movimento para se tornar mais conhecido entre as bancadas e criar um ambiente de troca de informações para consolidar o discurso regional. Ainda por meio desses contatos, Alckmin poderá influir pessoalmente na montagem dos palanques e ter uma visão mais clara da situação política nos estados.

Na terça-feira, o presidenciável vai discutir o cenário político do Rio Grande do Sul, onde PSDB e PFL estão em campos opostos. Sua participação foi decisiva, ontem, para selar o acordo entre o PFL e o PSDB da Bahia, onde garantiu o palanque do governador pefelista Paulo Souto. No mesmo dia, o governador de Minas, Aécio Neves, prometeu ao pré-candidato "arregaçar as mangas" e ajudar também na solução das pendências estaduais. Ele ficou de conversar com a senadora Roseana Sarney, do PFL, e tentar um acordo no Maranhão. Mas, os próprios tucanos acham difícil, já que o PSDB maranhense insiste em apoiar a candidatura de Jackson Lago, do PDT.

Paralelamente às articulações políticas de Alckmin, a serem realizadas em Brasília, seus assessores técnicos vão trabalhar no conteúdo dos discursos, que serão regionalizados. Para cada estado do nordeste, será preparado um texto específico enfocando os interesses e as necessidades da população. Assim, quando desembarcar em um estado, Alckmin poderá evitar improvisos. O nordeste e o norte, onde é menos conhecido, continuam sendo prioridade.

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