Kátia Abreu defende Levy e diz que ele faz o que ‘economista responsável faria’

Depois da sexta-feira, 16, e do fim de semana cheios de incertezas sobre a permanência de Joaquim Levy no cargo de ministro da Fazenda, o executivo ganhou apoio de ao menos uma colega na Esplanada. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, afirmou via Twitter que Levy está aplicando “a receita padrão que qualquer economista responsável faria”. “Em economia não há mago ou ‘economágica'”, disse.

Kátia Abreu também acenou ao Congresso e disse que o Parlamento está fazendo sua parte para ajudar nos ajustes. “Um País não sai de uma crise num passe de mágica ou em dez meses. Tudo está sendo feito para colher efeito positivo em médio prazo”, observou. “Há opiniões que divergem da minha e eu respeito, mas temos que ter paciência e confiar. Não dá para fazer ajustes apenas aumentando receita”, afirmou.

Ela disse ainda que é preciso cortar despesas e criticou os que defendem os cortes, mas não querem cortar na própria carne. “Em princípio, não há parto sem dor. Mas depois virão as compensações. Eu confio”, comentou.

Kátia Abreu lembrou que o País também depende do Congresso para fazer os ajustes e afirmou que os parlamentares têm feito a parte deles. “Na hora do voto, o Congresso não tem faltado ao Brasil”, defendeu. “Na democracia, quem diverge faz muito barulho. A oposição, certa ou errada, é muito importante para afirmar a democracia. A unanimidade é burra”, argumentou.

A ministra deixou o Brasil nesta segunda-feira, 19, para participar de reunião entre ministros da Agricultura de 34 países das Américas do Sul, Central e do Norte, promovida pelo governo mexicano e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

Na tarde de sexta-feira, havia surgido um rumor de que Levy havia redigido uma carta de demissão para apresentar à presidente. Esses rumores cresceram depois da pressão sobre o ministro aumentar, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de parlamentares do PT e de sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pedirem a demissão dele à presidente Dilma Rousseff.

Os desafetos de Levy entendem que o ministro mantém discurso excessivamente concentrado no ajuste fiscal e tem visão de tesoureiro, e não uma perspectiva mais ampla da política macroeconômica. Isto é, Levy não seria capaz de conduzir o País para além do ajuste fiscal, num cenário de crescimento e agenda positiva.

A pressão foi tamanha que o Ministério da Fazenda se viu obrigado a emitir um comunicado desmentindo seu pedido de demissão. “Ele não pediu demissão, não existe carta de demissão. Levy continua trabalhando e se esforçando pelo futuro do País”, declarou a assessoria do ministro na última sexta-feira.