Infiel!

Justiça Eleitoral cassa João Cláudio Derosso

Pouco mais de um mês após deixar o PSDB para evitar sua expulsão do partido, o vereador João Cláudio Derosso (foto), ex-presidente da Câmara de Curitiba, teve seu mandato cassado ontem pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por infidelidade partidária. A decisão foi resultado da ação protocolada na terça-feira pela enfermeira e funcionária pública lotada na Secretaria da Saúde, Maria Goretti David Lopes, que era suplente imediata do PSDB ao cargo depois que Edson do Parolin tomou posse como vereador na segunda-feira, após a renúncia de Paulo Frote.

A liminar do juiz Luciano Carrasco acata os argumentos de Maria Goretti, afirmando que a desfiliação ocorreu sem justa causa e sem explicações ao partido nem à sociedade. “Existindo esta imposição estatutária, não poderia o réu, vereador, simplesmente se desligar do partido sem sofrer a sequela respectiva; e como não justificou a saída, arca agora com as consequências de seu comportamento”, diz o documento. O juiz deu prazo de 10 dias para o presidente na Casa, o vereador João do Suco (PSDB) , empossar Maria Goretti no cargo de vereadora.

Saúde e mulheres

A nova parlamentar recebeu 2.313 votos na eleição de 2008 e ficou na 96.ª colocação. Ela afirma que, apesar do mandato curto, pretende defender a plataforma política que apresentou quando era candidata e atua como militante da saúde e do movimento de mulheres. Além disso, não descarta a possibilidade de se candidatar ao cargo nas próximas eleições. “Agora, com calma, vou discutir a questão com as lideranças do partido e as pessoas que sempre estiveram ao meu lado”, afirmou. O PSDB informou que não faz parte do processo e, por isso, não pode se manifestar a respeito da cassação.

Defesa com revelações

O advogado de João Cláudio Derosso, Antônio Augusto Figueiredo Basto, garantiu que irá recorrer da decisão como condição para que permaneça à frente do processo. Ele se mostrou insatisfeito com a estratégia adotada pelo então vereador – contrária à sua orientação – em sair do partido após as denúncias de irregularidades nos contratos de publicidade da Câmara. “Sou contra o Derosso ter se desligado. Se houvesse a expulsão, ela seria impugnada, pois não há motivo para isso”, disse.

Basto afirmou também que a saída do vereador do PSDB foi imposição do partido, mas que agora não há outra solução além do conflito. “Não vou mais me submeter a este tipo de coisa. O Derosso não desviou dinheiro e está pagando sozinho por uma estratégia geral. Esta situação não acontece só na Câmara, mas em todo o município.”