Juiz justifica suspensão de pesquisas eleitorais

O juiz auxiliar Nicolau Konkel Júnior do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), que suspendeu recentes pesquisas de intenção de voto para governador no Paraná, disse ontem que sua decisão foi baseada em elementos técnicos e que não pode levar em consideração questões políticas, referindo-se ao possível crescimento ou queda dos candidatos na disputa.

Konkel Júnior convocou a imprensa para explicar os critérios que o levaram a suspender as pesquisas, a pedido da coligação Novo Paraná, do candidato Beto Richa (PSDB).

“O Poder Judiciário é um poder inerte, só age quando provocado e aguarda a demanda chegar. Em nenhuma das pesquisas anteriores houve pedido de análise de algum partido, é possível que também estivessem incorretas”, avalia.

Anderson Tozato
Konkel: preocupação com o eleitor.

Segundo o juiz, o TRE-PR está preocupado com a veracidade das pesquisas e por isso as sondagens foram suspensas. “Os institutos não estão acima do bem e do mal. A nossa preocupação é decidir em favor do eleitor e evitar o desequilíbrio que a pesquisa possa trazer”, afirmou.

De acordo com Konkel Júnior, o registro feito pelos institutos de pesquisa junto ao TRE-PR quando vão fazer uma nova sondagem é meramente para controle, sem passar por verificação prévia.

A coligação “Novo Paraná” conseguiu suspender seis pesquisas no Paraná, algumas dos institutos mais citados no País, como VoxPopuli, Datafolha e Ibope. As duas irregularidades apontadas pela coligação de Beto na primeira pesquisa Datafolha suspensa foram a ordem com que as perguntas eram feitas ao eleitor e a falta de critérios aos entrevistados, quanto à escolaridade e à renda.

“A sequência de perguntas, logo após questionamentos sobre o presidente Lula, poderia levar o eleitor a ser estimulado, principalmente os indecisos. Quanto ao critério de ponderação, tem que ser apresentado previamente ao TRE”, explicou o juiz.

Na segunda Datafolha suspensa não havia mais essa ordem nas perguntas, mas o instituto permaneceu com sua metodologia na escolha dos entrevistados, que é a mesma adotada nos outros estados brasileiros, nos quais até agora não houve nenhum questionamento.

O juiz comentou o argumento do Datafolha, que alegou que os dados sobre renda e escolaridade estavam desatualizados no Tribunal Superior Eleitoral. “Existem outros meios oficiais de se obter esses dados atualizados. O que não dá é não ter critério e confiarmos na honestidade do instituto”, completou.

Há, ainda, três pesquisas sendo coletadas nesta semana. Uma Ibope e outra Datafolha, que terminam de ser feitas no sábado, e uma boca de urna para o dia das eleições, que só pode ser divulgada depois de terminada a votação, às 17h do domingo.

As suspensões concedidas pela Justiça Eleitoral no Paraná foram criticadas pelo presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante. Segundo Cavalcante, o Judiciário deve ter comedimento na concessão de liminares dessa natureza, que impedem novos levantamentos da situação eleitoral e frustra o acesso do eleitor a informações que podem ser importantes na sua decisão.