Italianos esperam por ‘justiça’ no caso Battisti

A perspectiva de uma decisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), hoje, em Brasília, sobre o futuro do ex-ativista Cesare Battisti está deixando familiares de vítimas, em Roma e em Milão, sob a expectativa de que a justiça, enfim, será feita. Causa que reagrupa direita e esquerda na Itália, a extradição do ex-membro dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) é visto no país como um passo à frente para curar as feridas abertas pelos anos de chumbo.

Verdadeiro porta-voz dos que defendem a punição de ex-guerrilheiros, Alberto Torregiani é um dos símbolos da defesa da extradição de Battisti. Filho do joalheiro Pierluigi Torregiani, morto em 1979, em Milão, durante um ataque do PAC, ele vive preso a uma cadeira de rodas desde então, quando foi atingido por disparos que o deixaram paraplégico.

“Esperamos que a corte suprema brasileira se manifeste em definitivo, e que seu parecer seja afirmativo”, afirmou. “Há muitas famílias de vítimas que estão em contato permanente. Em geral, os ânimos estão serenos. Todos aguardam o resultado com expectativa, mas com tranquilidade”, disse o italiano.

Segundo Torregiani, embora o STF seja a última instância da Justiça no Brasil, os protestos e a luta pela extradição de Battisti não se acabarão caso os ministros votem a favor do refúgio político. “Se a extradição não for aceita, seguramente haverá manifestações. Nosso propósito não é em primeiro lugar trazer Battisti à Itália, mas fazer justiça. Aqui ele está condenado por crimes comuns, e não políticos, em processos justos. Queremos que ele responda pelos crimes.”

O STF conclui hoje, com o voto do presidente da Corte Gilmar Mendes, o processo de extradição de Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua por quatro assassinatos na década de 70. Até agora, o julgamento está empatado, com 4 votos pela extradição e 4 contra.