Governadores puxam a corda e deixam Lula só

O governador Roberto Requião é contra a coalizão que está sendo proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PMDB. "Minha aposta é na estabilidade do país. Para apoiar a governabilidade, não será por troca de cargos. A moeda que eu aceito é a mudança da política econômica", afirmou o governador do Paraná, que autorizou a inclusão de sua assinatura no documento rejeitando o acordo, subscrito pelos sete governadores do partido, e que foi encaminhado ao presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, que está consultando as lideranças peemedebistas para dar uma resposta ao governo.

Desde o início do governo Lula sempre se posicionando contra a participação no governo, Requião afirmou ontem que apenas a troca de orientação da política econômica do governo alteraria sua opinião. "Não posso concordar com o encilhamento do partido em troca de nada. O PMDB deve ficar fora disso a menos que o governo adote uma política desenvolvimentista, que reduza a exclusão social e gere empregos. Só assim eu poderia apoiar essa idéia", afirmou o governador que, no início do ano, juntou-se ao grupo que defendeu a entrega dos cargos pelos dois ministros do partido, Eunício Oliveira (Comunicações) e Romero Jucá (Previdência Social).

Segundo a Agência Estado, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), também discorda da ampliação do número de cargos do PMDB no governo em troca de apoio fechado ao presidente Lula no Congresso Nacional. "O PMDB tem condições de dar maioria de votos aos bons projetos do governo, sem necessidade de mais espaço", disse Rigotto, acrescentando que o apoio pode ser dado sem troca de cargos. Para o governador gaúcho, Lula deveria reduzir o seu ministério e aproveitar a reforma ministerial para qualificar a equipe.

O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, reforçou a posição dos colegas da região Sul. Disse em Washington, nos Estados Unidos, que o partido não deve barganhar cargos. "O PMDB pode ajudar na governabilidade, mas sem ocupar ministérios", declarou o governador, conforme divulgou a Agência Estado.

O PMDB de São Paulo também divulgou ontem sua posição, que é bem mais conciliadora. Em nota assinada pelo ex-governador Orestes Quércia, presidente do diretório regional paulista, o PMDB de São Paulo afirma que é favorável à abertura de um diálogo com o governo federal envolvendo as principais lideranças do seu partido. Segundo Quércia, a participação do governo somente seria admissível se houver um agravamento da crise.

Contestação

Aliado do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros, acha que os termos propostos pelo presidente Lula são vantajosos, já que não estabelece nenhuma contrapartida eleitoral por parte do PMDB. Calheiros disse que o presidente tem pressa na resposta e a demora do PMDB em se posicionar pode comprometer o cronograma do presidente. Calheiros acha que não há necessidade de se realizar uma convenção do partido para decidir se aceita os novos ministérios. Para Calheiros, o partido fará a "marcha da insensatez" se recusar ajuda a Lula.

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