Ex-gerente do Banestado na mira da Polícia Federal

Por decisão unânime da CPI do Banestado na Assembléia Legislativa, o delegado da Polícia Federal José Francisco Castilho Neto e o perito Renato Barbosa, interrogaram os convocados para depor na sessão de ontem de manhã, no plenarinho da Casa. Na verdade, a comissão promoveu uma acareação para tentar esclarecer pontos contraditórios de depoimentos anteriores.

Mauro Jorge da Silva Lara, ex-gerente de negócios da agência Bacacheri, Ademir Cavalheri, ex-tesoureiro geral para Curitiba e região metropolitana, Waldir Antônio Perin, ex-superintendente regional em 1998, e os ex-gerentes da agência Saint Hilaire, Sônia Regina de Souza, Délcio Sossela de Siqueira, Rose Maria Lapinski e Luís Alberto Zeni foram ouvidos sobre a transferência de altos valores da DM Construtora de Obras para a empresa de alimentação carioca Silver Cloud.

Os questionamentos do representante da Polícia Federal, entretanto, se concentraram em Waldir Perin, que antes de ocupar a superintendência regional do Banestado foi gerente da agência do banco em Nova York, justamente no período em que ela movimentou valores tão altos que acabou chamando a atenção do Ministério Público(1996/1997).

Castilho disse ao ex-gerente que as investigações realizadas até agora apresentam fortes indícios de seu envolvimento em operações suspeitas e lembrou que se decidir cooperar fornecendo informações consistentes, poderá receber os benefícios da Lei das Testemunhas que inclui desde a redução da pena até o perdão judicial.

Perin disse não se lembrar de nomes, datas, valores e outras particularidades de operações indicadas pelo delegado e pelo perito Barbosa. Desta forma ele foi reconvocado para a sessão de hoje (24/06), às 10h, no plenarinho, quando será inquirido pela Polícia Federal e por representantes do Ministério Público estadual e federal. Também será ouvido hoje pela comissão o ex-diretor de Reflorestamento do Banestado, Eugênio Stefanello.

CC-5

Sobre a operação envolvendo a DM e a Silver Cloud, os depoentes pouco adiantaram, reafirmando o que já haviam dito anteriormente. A DM era cliente da agência Bacacheri, realizava diversas operações bancárias, e a Silver Claud mantinha conta na agência Saint Hilaire apenas para saques e depósitos. A transferência de mais de R$ 4 milhões da DM para Silver Cloud via doc bancário foi qualificada como normal pelos depoentes, embora incomum.

Perin, convocado para falar sobre essa operação, acabou respondendo quase que exclusivamente sobre a movimentação da agência de Nova York. Indagado pelo delegado Castilho, Perin disse não se lembrar de recados em fax de ordem de pagamento. Um deles, que integra o relatório da PF foi citado na integra pelo delegado “Sei que isso pode prejudicar vocês, mas me ajudem mais uma vez. Feliz Natal”.

O ex-gerente admitiu transações com travels cheques que despertaram suspeitas na OCC e motivaram advertências. Mas, segundo ele, as operações, com origem no Paraguai, se revelaram regulares. Perin disse que mantinha contatos diários com gerentes do Del Paraná e se reportava com freqüência aos diretores de Câmbio do Banestado na época, Aldo de Almeida Júnior e Gabriel Pires. Confirmou ter suspeitado de subfaturamento de importações, muitas vezes feitas por intermédio de casas de câmbio que teriam taxas menores. Mas afirmou não ter feito relatórios à respeito por falta de provas. Sobre duas operações no valor de RS 6 milhões cada, realizadas em janeiro de 1996 e supostamente sem registro contábil no Brasil, explicou que foram feitas para cobrir cheques do Del Paraná, em função de problemas no transporte de malotes. Mas os empréstimos foram quitados, com juros, 48 horas depois.

Voltar ao topo