CPI da Urbs

Ex-deputada diz que houve cartel na licitação do transporte público

O oitavo encontro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Urbs, ocorrido na manhã desta quinta-feira (8), na Câmara Municipal de Curitiba, contou participação das lideranças que moveram uma ação popular contra o edital de licitação do transporte público da capital. Participaram da sessão a ex-deputada estadual Dra. Clair da Flora Martins (PV), o professor Lafaiete Neves, integrante da Comissão de Análise da Tarifa e da Plenária Popular do Transporte Coletivo, Valdir Aparecido Mastriner, do Sindicato dos Urbanitários do Paraná, e Valter Fanini, do Sindicato dos Engenheiros do Paraná.

A primeira a falar foi a ex-deputada Clair, que apontou uma série de falhas no último processo de licitação do transporte público de Curitiba. Ela afirmou que na prática não ocorreu concorrência entre as empresas. “Dividiu-se a licitação em três lotes e as empresas que participaram se organizaram em consórcios e todas as empresas, que eram operadoras do sistema, se agruparam de forma que cada consórcio desse o lance. Então, não houve concorrência. Isso gerou o acontecimento de um ‘cartel'”, disse.

Clair ainda apontou favorecimento para as empresas que já participavam do sistema de transporte público de Curitiba. “Houve (o favorecimento), principalmente para as empresas que tinham experiência em operação de transporte em canaleta. E sabemos que as caneletas só existem em Curitiba”, completou.

O representante do Sindicato dos Urbanitários do Paraná, Valdir Mestriner, disse que as questões levantadas durante a sessão não era novidade e também criticou o processo licitatório do transporte público da capital. “Já questionamos as mesmas coisas que estão sendo questionadas por essa CPI. O cerne do problema está na licitação, e esse processo desagrada a todos. Só as empresas de ônibus saíram beneficiadas. Todos os problemas partem do processo de licitação”, afirmou.

Já Valter Fanini, do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, falou das dificuldades de acesso aos dados da Urbs. “Tentar participar da gestão pública de transporte de Curitiba é difícil. Temos uma enorme dificuldade de acompanhar os dados do transporte e da licitação. Por isso, entramos com a ação, que corre até hoje na justiça”, disse. Ele também criticou as empresas que operam o sistema de transporte da capital. “Empresas privadas não têm compromisso com a causa publica. Só terá sucesso se os dois lados, público e privado, forem eficientes. E em todo esse processo nenhuma dessas coisas acontecem. No planejamento do transporte não há lugar pra sociedade e a eficiência do poder público deixa a desejar”, disse.

O economista Lafaiete Neves reforçou que espera que CPI da Urbs esclareça as dúvidas da sociedade em relação à operação do serviço de transporte público de Curitiba . “Há um relatório no qual apontamos todas as pistas e esperamos que os verdores da casa se debrucem sobre esse relatório, que foi um trabalho de quatro meses. Nosso trabalho é apontar caminhos para que os membros da CPI investiguem de maneira correta. Queremos nos aprofunda. Têm problemas, têm duvidas e a sociedade precisa saber disso”, concluiu Valter Fanini.