Em Portugal, Dilma confidencia ter “problema de maioria”

Perto de completar 100 dias do governo com a maior base de apoio no Congresso desde a redemocratização, pelo menos na teoria, a presidente Dilma Rousseff confidenciou ontem ao presidente português, Aníbal Cavaco Silva, ser obrigada a negociar com os parlamentares aliados “caso a caso”, prática conhecida como “varejo” em votações importantes no Congresso.

“Nós temos um problema sério de maioria”, afirmou Dilma, em conversa reservada com Cavaco Silva, na cerimônia de doutoramento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Universidade de Coimbra (Portugal).

Dilma estava sentada a cerca de um metro e meio do cercado reservado para cinegrafistas e fotógrafos. Enquanto Lula cumprimentava outros doutores da universidade, a presidente explicava a Cavaco Silva que mesmo sua base de 366 deputados e 52 senadores exige negociações constantes para aprovação de projetos de interesse do governo, como o valor do salário mínimo, por exemplo.

“Tem maioria na Câmara e no Senado, mas a cada votação sempre é necessário fazer uma avaliação caso a caso”, disse Dilma. “Agora, sem coligação é muito difícil de governar”, completou.

A dupla de presidentes conversava sobre a crise política e econômica que derrubou o primeiro-ministro português, José Sócrates. A perda de apoio da maioria no Parlamento e a rejeição do plano de austeridade prometido pelo país à Comissão Europeia levou o governo socialista a renunciar. Além disso, Portugal está prestes a receber socorro financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.