Eleitos gastam dez vezes mais que não eleitos no Paraná, diz relator da reforma política

Os 30 deputados federais eleitos em 2010 pelo Paraná gastaram em suas campanhas eleitorais um total de R$ 35,4 milhões, um gasto médio de R$ 1,1 milhão por candidato. Esse montante é 10,8 vezes maior que a média gasta pelos candidatos não eleitos. Os números foram levantados pela assessoria do deputado Henrique Fontana (PT-RS), relator da Reforma Política na Comissão Especial da Câmara, com base nos dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Para tentar reverter essa situação, o relator está propondo em seu projeto, o financiamento público exclusivo de campanha. “Estamos propondo uma nova forma de financiar a política. Não podemos continuar tendo eleições baseadas na força do dinheiro, porque esse sistema político não oferece oportunidade a todos. É cada vez mais difícil um pobre chegar ao poder”, disse Fontana.

Segundo o relator, essa lógica de que quem mais gasta tem maior chance de se eleger vale também para as câmaras municipais, assembleias e para o Senado Federal. Se levada em conta as campanhas para deputado federal em todo o país os gastos totalizaram R$ 904,5 milhões, citou Fontana. Desse total, os 513 deputados eleitos gastaram 64% o que demonstra segundo Fontana, que há uma relação muito forte entre arrecadação e sucesso eleitoral.

Deputados adiam para o fim do mês a votação do relatório sobre Reforma Política. O parecer do deputado Henrique Fontana, do PT gaúcho, foi formalmente apresentado, nesta quarta-feira, na Comissão Especial que analisa o tema. Como o texto já era conhecido dos parlamentares e havia pressão da sociedade civil por sua aprovação, cogitou-se a possibilidade de votação no mesmo dia. No entanto, diante da falta de consenso em torno dos pontos mais polêmicos, foi aberto novo prazo para apresentação de emendas ao texto, até o dia 20. A votação poderá ocorrer no dia 26.

Fontana propõe o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais e um sistema misto em que o eleitor vota em um candidato e em uma legenda nas eleições para o Legislativo. O relatório também proíbe as coligações partidárias, mas admite que as legendas se reúnam em federações. O texto ainda reduz de 8 para 4 anos o mandato dos senadores, prevê segundo turno nas eleições em municípios de até 100 mil habitantes e facilita a apresentação de projetos de lei por parte da sociedade civil.