Entrevista

Eduardo Pimentel Slaviero segue o caminho do avô

O administrador de empresas Eduardo Pimentel Slaviero, aos 25 anos, vai disputar uma vaga na Assembleia Legislativa do Paraná. Poderia ser apenas mais um nome entre muitos propondo a renovação daquela Casa em crise.

No entanto, como neto do ex-governador Paulo Pimentel, Eduardo mantém uma tradição da política paranaense, de líderes expressivos deixarem herdeiros. Para citar alguns exemplos, Bento Munhoz da Rocha era neto de Caetano Munhoz da Rocha, Abelardo Lupion é neto de Moyses Lupion, Gustavo Fruet, filho de Maurício Fruet e Beto Richa, filho do ex-governador José Richa. Nesta entrevista, o ex-governador Paulo Pimentel faz a apresentação de seu neto Eduardo, que explica as razões que o levaram à disputa eleitoral.

O Estado do Paraná – Qual o seu papel neste início de carreira de Eduardo?

Paulo Pimentel – O meu papel é o de apresentá-lo. Estou apresentando o meu neto Eduardo Pimentel Slaviero, que pretende ser candidato a deputado estadual. Faço essa apresentação e vou acompanhá-lo na caminhada não somente pelos laços familiares, mas também porque acho que ele está preparado.

É um rapaz digno, com boa formação moral e habilitado em todos os sentidos para ingressar na vida pública com dignidade. Não terei dúvida em participar de sua campanha. Vou ajudá-lo no que puder e já o credencio para me suceder na política paranaense.

O Estado – Que características Eduardo herdou de Paulo Pimentel?

PP – Tenho a impressão que investi muito no meu nome. Durante todos os períodos que exerci mandatos, seja de governador ou de deputado federal, me baseei muito numa conduta moral elevada e na linha de servir à população.

Quero e tenho certeza que o Eduardo vai nessa mesma linha. Servir o Paraná, sempre consciente que o homem público investe mais no seu prestígio, no seu nome, no seu conceito. Mas ele já sabe disso

OE – E quem é Eduardo Pimentel Slaviero?

EPS – Tenho 25 anos, sou formado em administração de empresas e pós graduado com MBA em Agronegócio. Fui diretor de marketing da Fundação Cultural de Curitiba até 31 de março, quando saí para me desincompatibilizar para poder participar das eleições.

OE – Com a crise que a Assembleia vive, é um bom momento para novos políticos se apresentarem?

EPS – É um período conturbado, com denúncias em cima de denúncias que nos leva a crer que algo de errado está acontecendo. Mas eu não generalizo, tem muita gente boa lá, e, até que se prove o que aconteceu, ninguém pode ser considerado culpado. Não podemos pré-julgar. Mas eu me apresento como agente para a renovação.

Não só por ser novo de idade, mas por trazer novas ideias, com um novo ânimo, sem vícios políticos, sem vícios de cargos, sem currais eleitorais. Esse período que a Assembleia está passando é um incentivo a mais para quem quer entrar, pois vejo que dá para mudar.

OE – Quais são áreas em que pretende atuar?

EPS – Além de me apresentar como um integrante da renovação, agricultura e cultura são minhas duas principais bandeiras. O agronegócio sempre despertou meu interesse desde pequeno. Eu gosto, me especializei e tenho muitas ideias que pretendo apresentar.

A primeira seria discutir o código florestal no âmbito do Estado. Como sempre tive presença no campo, sei das dificuldades do agricultor paranaense e isso será uma das minhas plataformas de campanha e uma das bandeiras que pretendo trabalhar na Assembleia.

OE – E quanto à cultura?

EPS – Com a mesma força do agronegócio, cultura é outro assunto que gosto e entendo, visto o tempo que passei na Fundação Cultural. Sinto que todo cidadão tem que ser criado com cultura e no meu discurso vai ter cultura.

A principal ideia é desenvolver a lei estadual de incentivo a cultura, que no Estado está engavetada. Em Curitiba tem e dá muito certo incentivar a pr,odução cultural no Estado e investir para democratizar a cultura.

Queremos essa lei não só com os editais, em que você se adequa a algum projeto, como também o apoio a projetos próprios dos produtores culturais que receberiam incentivos do estado para buscar patrocínios na iniciativa privada.

OE – A sua atuação seria então focada nestes dois setores?

EPS – Claro que a gente também tem que trabalhar com o básico: saúde, educação e segurança pública. A saúde precisa de mais estrutura, mais médicos, principalmente nos municípios menores.

A educação é fundamental, pois é o que pode mudar o nosso futuro. E a segurança pública está um caos. Desestruturada, com efetivo aquém do necessário, menor que o da década de 1980, enquanto a população cresceu muito nessas duas décadas.

Então, vamos brigar também pelo aumento do efetivo e da estrutura para os policiais trabalharem. Eu também me preocupo bastante com as estradas. A grande maioria está em péssimo estado de conservação.

OE – E como você estruturou a sua campanha?

EPS – Tem que gastar sola de sapato, tem que rodar. A população quer ver o candidato, quer conhecer, quer discutir ideias. Não quer votar num poste. Quer ter contato.

Não adianta eu ser apenas o candidato avalizado pelo Paulo Pimentel, se o povo não souber quem sou. Também vamos usar a internet, já que aposto no eleitorado jovem, que também é quem eu quero defender na política e é quem está atento aos debates virtuais.

OE – Você é jovem, de família tradicional, com boa formação: por que a política?

EPS – Porque eu acredito. Às vezes me perguntam por que entrar na política, se eu sou louco. Mas não sou. Sinceramente, acredito que dá para fazer uma boa política.

Tenho o exemplo dos valores do Paulo Pimentel e quero levar esse nome para o Estado. Eu me espelho muito nele, tenho certeza que dá para fazer um bom trabalho.

E me espelho também nos outros descendentes de grandes políticos paranaenses que já atingiram reconhecimento nacional, como o Beto Richa e o Gustavo Fruet. Espelho-me neles para construir minha carreira política.

Sei que teria outras oportunidades no meio empresarial. Mas quero tentar, quero apresentar minhas boas propostas, pois acredito que dá para fazer um bom trabalho. E tenho exemplos para isso.

O primeiro é o Paulo Pimentel, e também o outro lado da minha família, os Slaviero, que são ícones de seriedade no mundo empresarial. Então, sei da minha responsabilidade. Sei o nome que carrego e não posso manchar.

OE – Beto Richa levou conceitos empresariais para administração de Curitiba. Pretende fazer o mesmo?

EPS – O Beto inovou o jeito de administrar o dinheiro público. Implantou padrões empresariais que resolveram e resultaram na reeleição consagradora e no favoritismo para governar o Estado. E acho que minha experiência empresarial pode ajudar sim na carreira política, pode sim ser transferido para a carreira pública.

OE – Com o chapão que o PSDB está montando, não fica difícil para eleger um nome novo?

EPS – A prioridade é eleger o Beto governador. E, para isso, uma grande chapa é fundamental. Sabemos dessa prioridade, sabemos que pode até dificultar, mas nada que inviabilize nossa tentativa. Vai ser uma disputa interna saudável. E estou entrando, não para firmar nome, mas para vencer a eleição.