Denúncias geram crise em Telêmaco

A campanha eleitoral em Telêmaco Borba, município com 65 mil habitantes situado a 245 km de Curitiba, deve ferver este ano, principalmente porque a cidade está mergulhada em uma crise política sem precedentes em sua história. O prefeito Carlos Hugo von Graffen (sem partido), que exerce seu quarto mandato, é alvo de uma série de denúncias apresentadas pelo Ministério Público ao Tribunal de Justiça, uma delas recebida por decisão unânime da 1.ª Câmara Criminal em novembro do ano passado.

As denúncias, porém, não se limitam ao poder Executivo. Dois vereadores, Nezias Trindade da Silva (PSB) e Edson Mendes da Silva (PMDB) – que ocupava o cargo de presidente da Mesa Executiva da Câmara Municipal – foram afastados de seus cargos em outubro do ano passado, acusados de crime de improbidade administrativa, com quebra de sigilo bancário e telefônico e decretação de indisponibilidade de bens.

Após o afastamento dos dois vereadores, a Câmara instalou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar os gastos do Legislativo no período entre janeiro de 2001 e setembro de 2003 e chegou a uma cifra superior a R$ 1 milhão, envolvendo onze de seus treze vereadores. A CPI das Despesas Exageradas, como foi batizada, apurou que recursos públicos foram usados até para custear sapato de pelica e registrar imóvel. A comissão trabalhou durante noventa dias e apresentou seu relatório em audiência pública realizada no dia 4 de fevereiro.

Na Justiça

A denúncia contra o prefeito Von Graffen recebida pelo TJ refere-se à infração, repetida 43 vezes, à disposição legal que determina o cumprimento de ordem judicial. Ele teria oferecido respostas evasivas ou dissimuladas à Câmara Municipal sobre procedimentos licitatórios e convênios realizados pela Prefeitura.

O prefeito ainda responde criminalmente a outro processo e várias denúncias do Ministério Público. A Justiça da comarca decretou a indisponibilidade de seus bens. Isso sem contar os atrasos no pagamento do funcionalismo público municipal.

Nezias Trindade da Silva e Edson Mendes, alvos de ação civil pública, foram afastados de seus cargos em função de gastos considerados irregulares com combustíveis, no valor de R$ 300 mil. Conforme a denúncia do Ministério Público, eles autorizavam o fornecimento de combustível a particulares e demais vereadores, que abasteciam em um posto da cidade. Qualquer pessoa que apresentasse o “vale-combustível”, um cartão de visitas dos dois vereadores, tinha seu carro abastecido de gasolina, álcool ou diesel, fosse o veículo oficial ou não.

Com o afastamento de Mendes, que ocupava a presidência da Casa no ano passado, assumiu o vice-presidente José de Almeida Salles (PDT), já às voltas com acusações de quebra de decoro parlamentar por uso ilegal de veículos da Câmara em visita às praias de Guaratuba, no litoral do Estado. Salles estaria em companhia de outro vereador, Vítor dos Santos, 2.º secretário da Casa, usando veículos do Legislativo.

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