Com receio de ação judicial, Kroll quer cheque caução da CPI da Petrobras

Deputados que participaram da reunião reservada da CPI da Petrobras na tarde desta quinta-feira, 13, para discutir o trabalho de rastreamento de contas no exterior realizado pela consultoria Kroll revelaram que a empresa, em vias de renovar seu contrato com a Câmara, está exigindo um cheque caução para eventuais processos de investigados. Hoje, o presidente da comissão apresentou os 12 nomes de personagens da Operação Lava Jato que foram investigados pela Kroll.

O contrato da primeira fase já previa a entrega de um cheque caução. Na segunda fase, o valor ainda não foi definido. A preocupação da consultoria é com eventuais pedidos de indenização dos investigados.

A CPI está negociando com a Kroll a renovação dos trabalhos para uma nova fase. Segundo deputados, todo o pacote de rastreamento de contas, bens e empresas dos investigados fora do País pode custar R$ 10 milhões. Só na primeira fase, a Câmara dos Deputados desembolsou mais de R$ 1 milhão. Desde julho a Kroll interrompeu seus trabalhos à espera de um novo contrato com a Casa. “Não vou dizer que foi um gasto à toa. Há interesse da investigação prosseguir”, respondeu Motta sobre os gastos com a consultoria.

A lista dos rastreados inclui delatores do esquema de corrupção da Petrobras e até mesmo Stael Fernanda Janene, viúva do ex-deputado José Janene (PP-PR). Os outros 11 nomes são: Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras), Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras), Alberto Youssef (doleiro), João Vaccari Neto (tesoureiro do PT), Augusto Mendonça (ex-dirigente da Toyo Setal), Julio Camargo (lobista), Eduardo Leite (ex-diretor vice-presidente da Camargo Corrêa), Dalton Acancini (ex-presidente da Camargo Corrêa), Julio Faerman (representante da SBM Offshore no Brasil) e Ricardo Pessoa (empreiteiro da UTC). Segundo fontes, quatro nomes se destacaram na fase preliminar do levantamento, mas haveria indícios em relação a todos os investigados.

Motta decidiu revelar os nomes antes de colocar a renovação do contrato em votação no plenário. Pelo menos três deputados – Júlio Delgado (PSB-MG), Eliziane Gama (PPS-MA) e Ivan Valente (PSOL-SP) – já avisaram que não votarão pela renovação. O peemedebista disse que decidirá com os membros da CPI quem será investigado na fase seguinte do rastreamento, caso o contrato seja renovado. “As escolhas agora serão compartilhadas”, declarou Motta.