Carta derruba secretário de Requião

A primeira baixa do terceiro mandato do governador Roberto Requião (PMDB) foi registrada ontem com a saída do secretário especial Luiz Caron, que pediu exoneração do cargo. Em correspondência encaminhada ao governador, Caron disse que não havia outra atitude a tomar depois que O Estado do Paraná publicou na edição de ontem uma carta de seu filho, Guilherme Richter Caron, endereçada à coluna EtCetera, atacando Requião e sua administração e lamentando que o pai ainda integrasse a equipe do governador.  

O governo não fez comentários oficiais sobre a saída. ?O secretário saiu e apenas comunicou ao governo?, resumiu a assessoria especial do governador. Mas o site da agência de notícias divulgou as duas cartas, a do pai e a do filho. Até ontem, ainda não se sabia quem vai assumir a função de Caron no governo.

Na carta de Guilherme, publicada por O Estado, ele se referiu ao governador como ?desvairado? e diz que pretende se candidatar ao Senado para ?livrar? o Paraná da família Requião, já que acredita que o governador disputará o Senado em 2010. Guilherme afirmou que seu pai se tornou incômodo ao governo por ter se oposto a práticas de irregularidades na Secretaria de Obras.

Na carta do pai, o tom é diferente. Caron atribuiu ao ?ímpeto da juventude? o texto do filho e diz que foi surpreendido pela manifestação de Guilherme. Ele justifica que a carta causou um grande constrangimento e que não poderia mais continuar no governo. ?Permanecer em sua equipe será continuar propiciando instrumentos de provocação diária ocasionando o desgaste da nossa relação.

Desfecho

O pedido de exoneração de Caron foi o desfecho de uma relação que já estava em crise desde o ano passado. No dia da posse do novo mandato, em 1.º de janeiro, o governador passou um pito público em Caron, responsável pelas obras do novo prédio do Fórum, onde está instalado atualmente o governo, enquanto o Palácio Iguaçu é reformado. Requião não gostou da disposição dos ambientes e chamou a atenção do secretário diante de todos os convidados.

Na ocasião, Guilherme considerou que o pai foi humilhado e também enviou carta de protesto aos jornais. Mesmo assim, Caron ficou no governo. Ele deixou a secretaria e ficou encarregado da reforma do Palácio e das obras de construção do Centro Judiciário, no bairro Ahu. Alguns dias depois, o deputado federal Marcelo Almeida que, à época, assumiu a Secretaria de Obras, questionou o que considerava excesso de aditivos nos contratos da pasta na gestão anterior. Caron foi à Assembléia Legislativa responder a Almeida, mas não revidou as críticas. 

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