Candidato é o Pessuti. E ponto final no PMDB

A dezessete dias de assumir o comando do estado, o vice-governador Orlando Pessuti teve ontem, sua candidatura ao governo nas eleições deste ano ungida pelo governador Roberto Requião (PMDB), durante a última das dez reuniões realizadas pela direção estadual do partido para construir o projeto de candidatura própria do partido. Na reunião realizada no Jockey Club do Paraná, em Curitiba, o tom foi dado por Requião que, não apenas avisou ao PMDB que o candidato é Pessuti “e ponto final” , como também confirmou que vai mesmo é concorrer ao Senado.

E para não deixar dúvidas de que está mesmo avesso a qualquer tendência de apoiar outra candidatura que não a do partido, também anunciou que o PMDB vai disputar as duas vagas ao Senado. A segunda candidatura poderá ser do ex-deputado estadual e ex-presidente do PMDB do Paraná Renato Adur, anunciou o governador.

Pela primeira vez, Requião admitiu que a empreitada de ser candidato à presidência da República fracassou. Ele disse que mantém a pré-candidatura para poder apresentar um programa de governo, mas destacou que já conhece como irá terminar essa discussão no plano nacional. “Eu sei que lá já está tudo dominado. Está tudo vendido”, atacou o governador, manifestando sua revolta contra a condução que a direção nacional do partido deu ao processo de negociação da aliança com o PT nas eleições presidenciais. Ontem, Requião reafirmou que seu apoio irá para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão do presidente Lula. “Nós se finge de leitão para mamar deitado”, repetiu Requião para os mais de mil filiados que participaram da reunião.

Recados

Os recados dados ao partido pelo governador vão descontentar a ala que articula a aproximação do PMDB ao palanque do PSDB, que terá como candidato o prefeito de Curitiba, Beto Richa. No discurso, o governador disse que os setores que defendem coligação têm que saber que toda e qualquer composição deve ter Pessuti como candidato ao governo.

Mas o recado também serviu para afastar a possibilidade de repetição da aliança nacional no Paraná, como propôs o presidente Lula que quer reunir o PMDB , PDT e PT no mesmo palanque. Ao mesmo tempo, Requião desfez as expectativas de que pudesse compor uma dobrada com a pré-candidata do PT ao Senado e participasse da aliança em torno da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) à sua sucessão. No encerramento do encontro, o governador deu a sua opinião sobre os adversários que Pessuti terá que enfrentar. Disse que não passam de “meninos engravatados, bronzeados e de óculos de sol” e entoou o refrão de uma música dos Secos e Molhados: “Eles são assim. Vira,vira, vira homem, vira-vira lobisomem…”.

“Por coincidência vencemos com chapa puro-sangue”

Ao final do encontro de ontem, o vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) disse que não vê problemas em concorrer ao governo em chapa puro-sangue. “Há sete eleições, em 82, 86, 90, 94, 98, 2002 e 2006, nós tivemos em cinco oportunidades a vitória do PMDB e, por coincidência, as cinco vezes em que vencemos, estávamos com chapa puro-sangue”, disse. Pessuti avisou que irá negociar com aliados. Entre eles, o PT. O vice não acha que a conversa com o PT acabou, mesmo após a briga entre Requião e o ministro Paulo Bernardo, que resultou numa declaração pública do PT estadual de rompimento com o governo. “Nós temos que sentar e discutir o que interessa ao PT e o que interessa a nós. Se eles vão lançar candidato ou não.

O PT precisa decidir, pois o PMDB já decidiu”, afirmou. Outros partidos podem também compor com o PMDB, apontou. Ele citou os contatos com o PP, PC do B, PTB, PMN, PTC, o PTN, o PSDC, PT do B e PV. Pessuti avalia que existem perspectivas de acordo com estes partidos, que também poderão indicar o ca,ndidato a vice. Porém, o PMDB já tem também sua própria lista de candidatos a vice se o indicado não sair das alianças. A próxima etapa do PMDB é organizar a militância para a campanha que começa em julho, disse Pessuti, repetindo a posição manifestada no início da semana, sobre as versões de que o projeto da candidatura própria não sobrevive até a data das convenções.

“A minha cota de desistência foi cumprida no dia em que desisti de ser conselheiro do Tribunal de Contas. E desisti certo de que seria novamente eleito vice-governador e certo que, em 2010, colocaria meu nome a disposição do
partido para ser candidato a governador”, afirmou. (EC)