Briga por poder na ParanaPrevidência

Divergências internas na linha de investimentos da ParanaPrevidência, o fundo de aposentadoria e pensão dos servidores públicos estaduais, permitiu à bancada de oposição propor ontem na Assembléia Legislativa a convocação do presidente da entidade, José Maria Correia, e do diretor financeiro e de patrimônio, Mário Lobo Filho.

O líder da oposição, Valdir Rossoni (PSDB), questionou a aplicação de recursos do fundo em uma instituição privada, o Banco UBS Pactual, e a liderança do governo prometeu providenciar uma reunião com os diretores para esclarecer o assunto.

O investimento, no valor de R$ 50 milhões, no banco privado, foi questionado internamente pelo diretor jurídico da ParanáPrevidência, Francisco Alpendre, que considerou suspeita a operação, argumentando que se trata de uma instituição ?obscura? , investigada pela Polícia Federal por remessa ilegal de dólares ao exterior e que está em situação pré-falimentar na Europa.

Ontem à tarde, o Conselho de Administração decidiu revogar a operação com o Pactual. Alpendre disse ainda que discorda da defesa que Lobo faz de uma mudança na política de investimentos do ParanáPrevidência, incluindo aplicações em ações.

A oposição aproveitou a deixa para cobrar coerência do governo. ?O Requião sempre disse que enquanto ele fosse governador, os recursos do Estado seriam aplicados somente em bancos públicos. O que o diretor financeiro fez foi ir contra este discurso?, disse Rossoni.

Para pedir a convocação de Correia e Lobo, o líder da oposição justificou que o volume de recursos administrado pela ParanaPrevidência exige que a Assembléia acompanhe mais de perto o gerenciamento do fundo. ?Essa aplicação que foi questionada pelo diretor jurídico foi feita de forma unilateral?, disse.

Alvo

Fontes do governo, entretanto, afirmam que a origem do desentendimento está em uma disputa interna que tem como alvo a troca da presidência da ParanaPrevidência nos próximos dias. O atual presidente deverá concorrer à prefeitura de Matinhos e terá que se desincompatibilizar, gerando mudanças na diretoria.

Um dos nomes cotados para assumir no lugar de Correia é o desembargador aposentado Munir Karam. Segundo estas mesmas fontes, o grupo de Alpendre desejaria aproveitar a mudança para desalojar Lobo Filho.

Alpendre reagiu dizendo que jamais disputou posições com quem quer que seja e não tem o menor interesse de mudar de cargo no fundo. ?Tenho uma vida profissional privada de muito sucesso. Eu estou preocupado é com os indícios de malversação do dinheiro público. Esta é minha obrigação?, disse.

Defesa

Em nota oficial distribuída ontem, Lobo Filho se defendeu das acusações. Disse que a ParanaPrevidência mantém ativos de R$ 7,4 bilhões e que os investimentos diretos em títulos públicos federais representam 95% do total. E que apenas uma pequena parcela, destinada a cobrir despesas de curto prazo, é aplicada em fundos de renda fixa de bancos públicos e também privados. Mesmo assim, segundo Lobo Filho, estes fundos contêm papéis do Tesouro Federal, garantindo a segurança dos investimentos.

O diretor financeiro fez ainda um histórico da polêmica da aplicação dos R$ 50 milhões. Segundo suas explicações, o valor é parte de um total de R$ 390 milhões em NTN (Notas do Tesouro Nacional) resgatados em uma operação de rotina, em abril.

De acordo com Lobo Filho, os recursos foram distribuídos assim: R$ 50 milhões no Banco Pactual, R$ 120 milhões na Caixa Econômica, R$ 90 milhões no Banco do Brasil, R$ 80 milhões no Bradesco, e R$ 50 milhões no Unibanco. Ele explicou que os valores foram resgatados para cobrir compras de títulos federais nos leilões do BC e também para pagamento da folha de aposentadorias e pensões dos servidores públicos estaduais. 

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