Bernardo compara FHC a desafeto de Mozart

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje, em Curitiba, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com o artigo publicado domingo no jornal O Estado de S.Paulo, em que criticou o governo Luiz Inácio Lula da Silva, está tentando “suprir a deficiência da oposição”. “Como ele é uma pessoa brilhante, de grande talento, e a oposição está numa mediocridade imensa, colossal, ele está tentando suprir isso”, concluiu. “Agora, o risco que corre é ele ficar parecendo o Salieri (maestro Antonio Salieri), que ficava criticando o talento de Mozart (músico Wolfgang Amadeus Mozart) porque ele não conseguia ter o mesmo talento, não conseguia ter o mesmo reconhecimento.”

De acordo com Bernardo, que esteve em Curitiba para uma palestra a professores, alunos e servidores da Universidade Federal do Paraná sobre o desempenho do governo federal e as perspectivas para 2010, uma possível comparação com Salieri é um risco muito grande “para uma pessoa com a história do Fernando Henrique, que já foi considerado o príncipe da sociologia”.

No artigo, o ex-presidente usa termos como “subperonismo” e “autoritarismo popular” ao se referir à administração petista. “Ele faz o discurso de que, se não concorda comigo, é autoritário, deve ser alguma coisa desse tipo, mas isso é muito pobre para um Fernando Henrique, que era um dos maiores pensadores do Brasil em termos de realidade”, alfinetou Bernardo. “Uma pessoa com toda essa bagagem ficou sozinho, de franco-atirador, tentando resolver o problema que a incompetência do PSDB e do DEM não consegue resolver, que é ter um discurso para o País, que é ter uma proposta alternativa”, emendou.

Em sua palestra, o ministro disse que às vezes o governo é criticado por estar planejando os próximos anos sem ao menos saber se o PT continuará no poder. “Nós achamos que é obrigação do atual governo preparar o terreno para o próximo, independentemente de quem ganhar a eleição”, disse. “Se tivermos um trabalho previamente estruturado, o governo terá apenas que fazer opções e poderá trabalhar com economia de tempo e economia de recursos porque vamos fazer isso.”

Para Bernardo, os investimentos que o Brasil tem feito, principalmente por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vão se constituir em um “ritual de passagem do País em desenvolvimento para o País de primeiro mundo”. E ressaltou que o Brasil tem uma democracia consolidada. “As mudanças se dão no voto, se quiserem mudar têm uma possibilidade no ano que vem.”