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Aditivos colocam cúpula da Sanepar em pé de guerra

A concessão de aditivos contratuais que podem somar aproximadamente R$ 30 milhões está gerando um cabo de guerra entre a direção da Sanepar e o Conselho de Administração da empresa.

Dos noves integrantes do Conselho, a maioria rejeita a aprovação dos aditivos. O Estado apurou que alguns desses pedidos foram feitos pelas empreiteiras no início dos anos 2000. Todos já foram rejeitados uma ou duas vezes, no mínimo, pelo Conselho de Administração.

Entre os membros titulares do Conselho estão aliados do ex-governador Roberto Requião (PMDB) e do atual governador, Orlando Pessuti (PMDB), além de representantes dos sócios privados.

Mas apesar das diferenças entre os nomeados por Pessuti e Requião, e destes com os representantes da iniciativa privada, um inédito consenso se construiu para barrar o pedido da direção da empresa.

O consenso é que os valores não são devidos. Algumas das empresas sequer foram à Justiça requerê-los e não há decisão final sobre nenhuma ação. Contrariada com a posição dos conselheiros, a direção da Sanepar está pedindo a convocação de uma assembleia geral extraordinária na próxima quinta-feira.

Oficialmente, a informação é que o presidente da empresa, Hudson Calefe, pretende propor a substituição de alguns membros do Conselho. Na versão de bastidores, Calefe estaria seguindo uma orientação do governador Orlando Pessuti (PMDB) para aprovar a remuneração adicional das empresas.

Porém, em entrevista a O Estado, Pessuti disse que jamais tentou interferir na decisão do Conselho de Administração da Sanepar sobre a aprovação dos aditivos contratuais propostos pela direção da empresa.

Pessuti declarou que, em nenhum momento, pressionou alguns dos nove conselheiros para mudar de posição. “Nunca pedi a nenhum deles que agisse dessa ou daquela forma. O Conselho de Administração da Sanepar é soberano. São eles que tomam as decisões”, comentou o governador.

Mandato

O mandato dos atuais conselheiros avança no período do próximo governo. Eles devem deixar seus cargos em fevereiro de 2011. O Conselho é composto por integrantes do governo ligados a Pessuti e ao ex-governador Roberto Requião. O presidente do Conselho é o procurador geral do Estado, Marco Berberi, nomeado pelo atual governador.

Entre os demais integrantes estão o ex-procurador geral Carlos Frederico Marés, que deixou o governo junto com o ex-governador Roberto Requião. Outros membros são Tatiana Bove Iatauro, chefe de Inspetoria do Tribunal de Contas e mulher do diretor financeiro da Copel, Rafael Iatauro, e secretário de Obras, Julio César de Souza Araújo Filho, que foi mantido no cargo por Pessuti, após Requião deixar o governo.

 Renato Torres de Faria é um dos representantes dos acionistas privados. A reportagem de O Estado solicitou uma entrevista com o presidente da companhia sobre a assembleia geral que está sendo convocada. A assessoria de imprensa informou que Calefe não estava na cidade e que não era possível localizá-lo por telefone.