Polícia prende auditores fiscais acusados de corrupção

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), em parceria com o Ministério Público Estadual, prendeu 11 pessoas, entre elas três auditores da Receita Estadual, durante a Operação Integridade II, na manhã desta quarta-feira (31), em Curitiba e União da Vitória, na região Sul do Paraná. Todos são acusados de formação de quadrilha, ocultação de bens, lavagem de dinheiro e concussão (extorsão cometida por funcionário público).

A Operação Integridade II é o desdobramento da investigação que prendeu seis auditores da Receita Estadual, em julho deste ano, nas cidades de União da Vitória, General Carneiro e Porto União (SC). ?O Nurce faz hoje, no país, um trabalho inédito de combate à corrupção e aos crimes do colarinho branco. Em três anos de atuação, já foram investigados crimes que somam R$ 1 bilhão em desvios e corrupção?, disse o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

?A Justiça solicitou ao secretário Delazari para que o Nurce assumisse o caso para prender os foragidos e descobrir como o esquema todo funcionava?, explicou o delegado chefe do Nurce, Sérgio Sirino.

A polícia cumpriu sete mandados de prisão preventiva em Curitiba e quatro em União da Vitória. Foram presos, na capital, Joicimery M. Iczzavski, 37 anos, Cleber da Silva, 26, Eduardo Lopes Duraes dos Santos, 25, Luiz Paulo Bini Rocha, 26, Daniel da Silva Moura de Oliveira, 34, Lucélia de Fátima Gonçalves, 30, e o auditor da Receita Estadual Dionísio Dronk, 60.

Na região de União da Vitória, foram presos Ângela Hartmann, 23 anos, proprietária da empresa fantasma utilizada para lavar dinheiro, Ana Maria Spesato dos Santos, 45, e os auditores Marco Antonio Pereira, 41, e José Zatorski, 37. Horácio Hurpia, 39, que também participava do esquema, já havia se apresentado à polícia, no início deste mês.

Além de Hurpia, o Nurce também já havia prendido o auditor Ivan Carlos dos Santos, 51 anos, em Florianópolis, Santa Catarina, no começo deste mês, com o auxílio da Polícia Federal catarinense. Todos os presos serão encaminhados para União da Vitória, onde os crimes aconteceram.

?Laranjas?

O delegado informou que os integrantes da quadrilha que não são auditores participavam do esquema emprestando seus nomes e suas contas bancárias para os depósitos do dinheiro conseguido nas extorsões, utilizando, inclusive, uma empresa fantasma para trocas de cheques.

No decorrer das investigações, a polícia descobriu que a quadrilha utilizava a empresa Assemp, para lavar o dinheiro. Segundo o delegado, Ângela Hartmann, é a proprietária da empresa e filha de Paulo Hartmann, preso durante a primeira fase da Operação Integridade. ?O dinheiro que eles recebiam de extorsões era depositado nestas contas e, depois, distribuídos entre eles?, contou.

A polícia descobriu em julho deste ano que motoristas de caminhões e empresas que transportavam cargas com alguma irregularidade eram extorquidos pelos auditores da Receita Estadual, posto da Receita Ariovaldo Huergo em General Carneiro. O delegado contou que os valores chegam até R$ 15 mil, dependendo da empresa. No entanto, o posto é conhecido como ?Posto do Quinhentinho? porque, na maioria das extorsões, os auditores cobravam R$ 500.

Junto ao Nurce, a Polícia Militar de União da Vitória, o Ministério Público e o Tático Integrado de Grupos de Repressão Especiais (Tigre) participaram da Operação Integridade II. Mais de quarenta policiais trabalharam nesta ação.

Esquema

Os auditores faziam parte da ponta do esquema. Eram eles que extorquiam e recebiam o dinheiro. Quando a extorsão era paga em espécie, o dinheiro era distribuído entre a quadrilha. Segundo o delegado, grande parte dos pagamentos das extorsões era realizado com cheque. O cheque era depositado em alguma das contas das empresas fantasmas e sacado logo que era descontado pelo banco. ?Era assim que eles lavavam o dinheiro. Eles usavam este dinheiro para comprar casa, carros importados, entre outras coisas?, disse o delegado.

O delegado informou que todos os bens dos integrantes da quadrilha já foram bloqueados. Os policiais ainda não sabem o valor do lucro da quadrilha.

Integridade I ? Na Operação Integridade I a Secretaria da Segurança Pública, através das Polícias Militar e Civil, em conjunto com o Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Justiça de União da Vitória e da Promotoria de Investigação Criminal, prenderam, em julho, seis auditores fiscais da Receita Estadual do Paraná e um funcionário da Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) acusados de concussão, prevaricação e formação de quadrilha.

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