Polícia Federal transfere Beira-Mar para Florianópolis

Brasília (AE) – A Polícia Federal transferiu na noite de ontem (7) o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, da carceragem de sua superintendência em Brasília para a de Florianópolis. A PF disse em Brasília que a operação, sigilosa, estava sendo preparada havia alguns meses, mas o superintendente de Florianópolis, Ildo Rosa, garantiu ter sido pego de surpresa. Segundo a PF, a decisão foi tomada depois que a polícia do Rio descobriu que uma gangue inimiga pretendia seqüestrar o traficante e matá-lo.

Sob forte escolta, Beira-Mar chegou à capital catarinense num avião da PF às 22h15 de ontem e foi levado à superintendência, que fica no bairro Agronômica, de classe média vizinha da residência oficial do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). O traficante está sozinho numa ala com duas celas. A superintendência agrupou 14 presos na outra ala do prédio, que também tem duas celas. A equipe de 16 homens de Brasília que acompanhou Beira-Mar deve permanecer em Florianópolis até que o traficante seja levado a um presídio federal, que deve ficar pronto no ano que vem.

A ida de Beira-Mar para Santa Catarina já havia sido cogitada em julho, quando o traficante teve de deixar a Penitenciária de Presidente Bernardes (SP), por determinação da Justiça. Apesar de o criminoso ter sido levado para Brasília na época, o Ministério da Justiça autorizou a liberação de verbas para equipar a carceragem em Florianópolis. O dinheiro foi gasto na compra de câmeras de segurança e na construção de grades mais resistentes.

O delegado Rosa confirmou hoje que havia rumores de que Santa Catarina poderia ser o destino de Beira-Mar. "Mas em nenhum momento imaginávamos que ele viesse." O policial garantiu porém, que o prédio tem boas condições de segurança. "Queremos tranqüilizar a população."

O juiz da 3ª Vara Criminal, Leopoldo Bruggemann, discordou de Rosa. Segundo ele, as instalações da PF não são adequadas para o cumprimento de penas. "São locais para presença provisória." Antes de Beira-Mar, a PF de Florianópolis recebeu outro preso ilustre, em abril. O juiz Antônio Carlos Rocha Mattos, preso na Operação Anaconda por vender sentenças, ficou quase dois meses encarcerado lá.

Vai-e-vem – Transferências têm sido rotina para Beira-Mar – líder da facção criminosa Comando Vermelho, no Rio, e considerado o maior traficante brasileiro – desde abril de 2001, quando ele foi preso, na Colômbia. Beira-Mar tinha se refugiado no país porque era aliado de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no tráfico.

O bandido ficou um ano na PF em Brasília até ser levado à penitenciária de segurança máxima Bangu 1, no Rio. Em setembro de 2002, Beira-Mar encabeçou um motim em Bangu 1 no qual seis presos rivais foram assassinados. Por isso, ficou isolado numa cela monitorada por câmeras no Batalhão de Choque da Polícia Militar, no centro do Rio. Na época, Beira-Mar virou pivô de uma briga política entre o governo do Estado e o federal. Nenhum dos dois queria ser responsável pelo traficante.

Diante da pressão das autoridades do Rio, o governo federal negociou a transferência de Beira-Mar para o presídio de Presidente Bernardes (SP). Ameaçado por rivais, ele foi levado em março de 2003 para a Superintendência da PF em Maceió, Alagoas. De lá, voltou no mês seguinte para Bernardes. Permaneceu confinado num regime disciplinar especial até 14 de julho, quando foi encaminhado à sede da PF em Brasília. Colaborou: Kazuo Inoue, especial para a Agência Estado.

Voltar ao topo