Plano de carreira deveria congelar salários, diz Velloso

O plano de cargos e salários comum aos três Poderes da União, a ser criado pelo governo federal, deveria priorizar o congelamento temporário dos salários mais elevados pagos aos servidores públicos dos chamados Poderes Autônomos – o Legislativo e o Judiciário. Quem defende a idéia é o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas. Ele acredita que os vencimentos em questão deveriam permanecer congelados até que os salários do Executivo, hoje defasados, atingissem os mesmos patamares.

Velloso viu "perigo" no encontro de hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula a Silva e outros membros do governo, em que foi discutido o salário do funcionalismo. "Reunião assim, em ano eleitoral, é um perigo. Todas as vezes que falam em isonomia, a unificação dos cargos e salários, pensam em igualar os salários por cima", disse à Agência Estado. "É preciso calma para tratar desse tema. Um acordo deveria priorizar a paciência, sem reajustes aos servidores do Legislativo e Judiciário, e com correções graduais aos do Executivo", avaliou.

A maior preocupação, para Velloso, é que as contas públicas não têm condições de absorver equiparações salariais pelos patamares mais elevados. Numa extrapolação, ele admite que o risco maior será o de os Poderes Autônomos aproveitarem a equivalência salarial do Executivo para promoverem novos reajustes. "Tem de haver acordo para contenção dos reajustes, de forma que os valores caibam no Orçamento", apontou.

Velloso observou que, entre 1995 e 2005, o peso dos salários dos Poderes Autônomos saltou de 10% para 20% do montante dos gastos com vencimentos de servidores. O economista sugere que o assunto entre na pauta somente do próximo governo. "Seguramente esse deveria ser um assunto prioritário da agenda do governo que toma posse em 1º de janeiro de 2007.

Voltar ao topo