PFL quer pedir representação por crime eleitoral contra Lula

Diante das divergências surgidas na acareação promovida pela CPI dos Bingos, o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), anunciou hoje (27) que seu partido pedirá ao Ministério Público para que entre com representação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por crime eleitoral. "O responsável pela prestação de contas de uma campanha é o candidato. Se o presidente Lula não incluiu nela os R$ 6,5 milhões gastos pelo deputado Valdemar Costa Neto, ele cometeu crime eleitoral", disse Agripino.

A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) foi mais agressiva do que Agripino. "É preciso termos coragem para pedir o impeachment do presidente Lula. Vou conversar com o presidente do PSDB, José Serra, sobre isso", disse Zulaiê. O ânimo da oposição era explicado pelo fato de, na acareação entre o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e Valdemar, que é presidente do PL, ter aparecido sempre a questão do caixa 2. Delúbio e Marcos Valério disseram que o total do caixa 2 foi de R$ 55,9 milhões. Valdemar disse que gastou R$ 6,5 milhões na campanha do segundo turno da chapa Lula e José Alencar e foi ressarcido com dinheiro do caixa 2.

A revelação de Valdemar, que disse ter, como pessoa física, recebido R$ 6,5 milhões do esquema montado por Delúbio e Marcos Valério, foi a principal motivação para que o PFL e o PSDB atacassem o presidente Lula. "Tem muito deputado respondendo a processo que pode resultar em cassação por causa do caixa 2. O presidente da República não é imune à lei", disse Agripino Neto.

Antes da manifestação de Agripino, o deputado Moroni Torgan (PFL-PE) usou a sua participação na sessão da CPI do Mensalão para dizer que estava claro o envolvimento do presidente da República em crime eleitoral. "Não é possível que somente os deputados paguem pelo caixa 2. Todo mundo que depôs aqui hoje confessou o caixa 2", disse Moroni. "É preciso tratar do impeachment".

Para o Palácio do Planalto, a reação dos partidos de oposição visa a atingir o presidente Lula que, segundo avaliação no governo, estaria ao largo da crise política. Fica clara a intenção dos partidos de oposição: atingir o presidente, tentar trazê-lo para dentro da crise, disse um assessor palaciano.

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