PFL decide aumentar pressão política sobre PSDB atrás de definição

Brasília – O PFL decidiu aumentar a pressão política sobre o PSDB, atrás de uma definição urgente sobre quem será o candidato tucano a presidente. Setores expressivos do PFL também não escondem mais as preferências.

Hoje, o prefeito do Rio, César Maia (PFL), defendeu o lançamento de candidato próprio pelo partido, caso a opção do PSDB seja pelo nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no lugar do prefeito da capital paulista, José Serra. Nesse caso, Maia está disposto até a retomar a candidatura presidencial, que foi posta em hibernação em favor da escolha por Serra.

O prefeito do Rio anuncia a posição sem rodeios. "Com Alckmin escolhido, o PFL terá candidato. Mas o nome quem decide é o PFL. Se me convocar, estarei a postos", afirma Maia, um dos principais dirigentes nacionais partidários e que detém hoje o maior potencial eleitoral entre os pefelistas.

Na avaliação dos pefelistas, a escolha pelo prefeito de São Paulo é a mais vantajosa para a legenda. Primeiro, porque a candidatura assegura, automaticamente, ao PFL o direito de comandar, diretamente, a Prefeitura até, pelo menos, o fim de 2008, uma vez que a saída de Serra dá posse ao vice-prefeito Gilberto Kassab (PFL). Segundo, porque os dirigentes da sigla avaliam que o prefeito tem mais densidade eleitoral para tentar derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que buscará a reeleição.

A questão é que os estrategistas da agremiação temem que a demora pela definição torne cada vez mais difícil a tarefa do candidato tucano a ser escolhido. Além disso, os pefelistas acham que esse tempo perdido compromete, diretamente, o cenário na sucessão ao governo de São Paulo, abrindo caminho para uma eventual vitória da candidatura petista.

No último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), divulgado hoje, a pré-candidata a governador de São Paulo Marta Suplicy (PT) aparece em primeiro lugar, numa das simulações, com o pré-candidato Orestes Quércia (PMDB) em segundo. Em outro cenário, com o pré-candidato Aloizio Mercadante (PT) como candidato no lugar de Marta, Quércia aparece em primeiro, à frente do petista. Nos panoramas simulados pelo Ibope, os pré-candidatos tucanos são o vereador José Aníbal e o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, que ainda não receberam garantias do PSDB de que serão os candidatos. Sem fazer campanha, Aníbal e Paulo Renato aparecem com desempenho ainda muito discreto. O pico do vereador de São Paulo nos cenários apresentados é 4% e o do ex-ministro da Educação, de 2%

Por conta disso, pefelistas como Maia acham que o PSDB perde tempo demais na indefinição dos nomes. "Se a candidatura do PSDB a governador em São Paulo já está entrando na faixa de segurança-limite, e ninguém desconfia qual dos cinco pré-candidatos virá, um fracasso presidencial será uma derrota certa no Estado, onde estão concentradas todas as suas fichas e seus quadros nacionais", avalia. "Esgarçar mais, atrasar mais a decisão é grave erro, pois coloca em jogo a sobrevivência do partido. Há exemplos de sobra na história eleitoral recente de tantos países", diz.

Para ele, essa indefinição põe em risco até mesmo o projeto de sobrevivência política tucana. "O PSDB vive uma perigosa encruzilhada. Ao tempo que se afirmou como partido nacional de opinião, não o fez ainda como partido nacional, com amplitude espacial e capilaridade. A eleição municipal de 2004 mostrou isso", analisa.

"A eleição de 2002 mostrou os riscos de o PSDB tornar-se um partido de segundo escalão, quando, com um candidato que foi para o segundo turno, mal superou 60 deputados federais. Como se sabe, e já se escreveu à exaustão, os partido no Brasil, se vertebram (sic) no poder. Com o binômio São Paulo-Ceará e com os riscos de derrota nos dois Estados, é provável que o PSDB mude de turma e vá para o patamar do PL, PTB, PP…", prevê.

"Por isso, é incompreensível que o processo de escolha de seu candidato a presidente se estenda tanto. Se sua candidatura a presidente fracassar, levará de roldão o partido. Não se trata de ganhar ou perder, mas de fracassar ou não", diz.

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