O juiz federal Rubens Rollo D’Oliveira, de Belém (PA), recebeu ontem o inquérito da Polícia Federal com o indiciamento de 44 pessoas acusadas de fraudes em licitações na Companhia Docas do Pará (CDP). Entre os indiciados está o ex-senador pelo PSB, Ademir Andrade, e seu filho Cássio Andrade, vereador do partido em Belém. O petista Aldenor Júnior, ex-chefe de gabinete do ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues (PT) também consta na lista.
D’Oliveira determinou a remessa do caso à Procuradoria da República para que seja oferecida a denúncia contra os envolvidos ou a requisição de novas diligências. O desvio de dinheiro público, segundo o delegado da PF, Caio Bezerra, ultrapassa R$ 42 milhões. Os três negam as acusações.
Ademir Andrade foi presidente da CDP até 25 de abril, quando foi preso com outras 17 pessoas, entre diretores da estatal e empresários.
O delegado Bezerra disse que as provas contra os acusados são fortes e foram colhidas durante auditoria realizada pela Controladoria Geral da União (CGU). Documentos apreendidos na casa do ex-senador, que concorrerá à Câmara dos Deputados, comprovariam um "vínculo promíscuo, extra profissional e inexplicável sob a ótica da moralidade pública, existente entre as diversas empresas que contratavam com a CDP".
Os indiciados responderão por crimes como corrupção ativa e passiva, peculato, prevaricação e formação de quadrilha. Também foram enquadrados em diversos dispositivos da lei de licitações por adotarem procedimentos irregulares de dispensa ou para fraudar a competitividade entre as empresas prestadoras de serviços ou de bens à CDP.